segunda-feira, 23 de maio de 2016

Daniel, a Fé e o poder da Prece

Paiva Netto
Da edição revista e ampliada de Cidadania do Espírito, que a Editora Elevação em breve lançará, adianto-lhes trecho de entrevista que concedi ao escritor Alcione Giacomitti, para o seu livro Os Pilares da Sabedoria de um Novo Mundo (2001):
Costumo dizer que o milagre que Deus espera dos seres humanos (e espirituais) é que aprendam a amar-se. E a Prece é ferramenta poderosa para essa metamorfose urgente, porquanto a oração é o alimento da Alma, e o Amor, a substância da Justiça e da Paz. Tanto é verdade que inspirou a Melanchton (1497-1560), educador e teólogo luterano, esta preciosa manifestação: “As tribulações e as perplexidades levam-me à Prece; em compensação, a Prece aparta-me dessas aflições”.
O Profeta Daniel, famoso pela interpretação que fez do sonho de Nabucodonosor (Livro de Daniel, capítulo 2o), por jamais duvidar do Senhor dos Universos, comprovou tal força oriunda da convicção suprema no Pai Celestial. Não titubeou nem mesmo quando Dario, o Medo, assinou edito que condenava à cova de leões os que adorassem, durante o período de um mês, qualquer deus ou homem que não fosse o próprio rei. Neste episódio, vemos o soberano de Babilônia ser induzido maliciosamente por seus príncipes ardilosos, os quais desejavam encontrar alguma infração na conduta impecável daquele que seria promovido a administrador de todo o reino. Isso não impediu Daniel de reverenciar o Criador, orando de joelhos, como de hábito, três vezes ao dia. Denunciado o profeta pelos que cavavam sua ruína, Dario, com lamento e pesar, sentenciou-o à morte, ainda que tentando, sem sucesso, evitar tamanha injustiça. Agoniza, então, em seu palácio, passando a noite em jejum. Pela manhã, dirige-se às pressas ao local do martírio, testemunhando fato milagroso.
Sem um arranhão sequer, Daniel louvava: “Ó rei, vive para sempre! O meu Deus enviou o Seu anjo, e fechou a boca dos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante Dele; e também contra ti, ó rei, não tenho cometido delito algum”.
Nem é preciso descrever quão feliz ficou Dario. E à forma dura e crua daquele tempo, parecido algumas vezes com este, fez com que os acusadores do profeta, com suas famílias, fossem lançados às garras dos leões.
Depois disso, o rei conclamou o povo a adorar o Deus de Daniel por ser o Deus vivo que permanece eternamente, cujo reino não se pode destruir (Dn, cap. 6).
Paulo Apóstolo escreveu que “a Fé é a substância das coisas desejadas, a convicção de fatos que não se veem” (Epístola aos Hebreus, 11:1).
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

domingo, 22 de maio de 2016

Momento de silêncio e Barão do Rio Branco

Paiva Netto
Há décadas, estabelecemos a cerimônia de um instante de silêncio antes da oração que sempre inicia as atividades diárias nas Instituições da Boa Vontade, no intuito de fortalecer a ligação das equipes solidárias das IBVs com a Espiritualidade Superior, fato que vem se tornando prática cotidiana em empresas.
Já comentei nas minhas preleções no rádio e na televisão algo da história do momento de silêncio; no entanto, não custa relembrar. Em 10 de fevereiro de 1912, faleceu o diplomata, professor e jornalista José Maria da Silva Paranhos Júnior (1845-1912), o Barão do Rio Branco, um dos maiores chanceleres, senão o maior, que o Brasil conheceu. Era filho do Visconde do Rio Branco, o criador da Lei do Septuagenário — aos 70 anos os escravos estariam libertos, contudo, quantos alcançariam essa idade?
A morte de Paranhos Júnior foi muito lamentada. Quando a notícia chegou a Lisboa, a Câmara dos Deputados, sob o comando de Aresta Branco (1862-1952), suspendeu a sessão por meia hora, como era tradicional, em respeito ao ilustre diplomata. Porém, o Senado, no dia posterior, cuja presidência estava a cargo de Anselmo Braamcamp (1849-1921), secretariado por Bernardino Roque e Bernardo Paes de Almeida, inovou o costume. O presidente fez uma pausa na reunião e destacou: “Os altos serviços por aquele estadista prestados a Portugal e a circunstância de ser ele ministro quando o Brasil reconheceu a república portuguesa”, conforme o registro do lisboeta Diário de Notícias, que ainda anotou: “Honrou também o Barão do Rio Branco as tradições lusitanas da origem da sua família e por tudo isso propôs que durante dez minutos, e como homenagem à sua memória, os senhores senadores se conservassem silenciosos nos seus lugares. Assim se fez...”.
Foi a deferência ao grande brasileiro que retornara à Pátria Espiritual.
O Cristo interno
Diante da vida tão atribulada que levamos, surge a argumentação: “É dificílimo obter um minuto de silêncio, que seja, com as crianças correndo, num feliz alarido, o vizinho com o som superelevado, aquela britadeira em frente da minha janela, ou com os mil problemas que tenho de enfrentar. Sinto muito, mas não consigo”.
Consegue, sim! Não falo restritamente da quietude física. Refiro-me em especial àquela buscada dentro do Espírito. Você mesmo, às vezes num ônibus barulhento, apinhado, quente, o tráfego intenso, desliga-se pensando naquela questão que precisa sanar. Nada em volta o perturba ou o estorva. E quando desce do coletivo diz: “Puxa vida! Parecia impossível sair de tamanha enrascada e agora, naquele bendito ônibus, embora jogando calor em mim, a solução apareceu”. Por quê?! Porque Você entrou no silêncio, dialogou com o seu Cristo interno, com a ajuda do Espírito Santo.
Tudo na existência material é relativo. Basta ver que nas guerras pessoas se matam na presença de paisagens extraordinárias que Deus lhes oferece para acender no âmago justamente a vontade de viver.
Maior riqueza
Os guris estão correndo, abrindo a geladeira, está uma confusão no meio da rua? Você saberá entrar no silêncio de si mesmo, de si própria, para sentir no íntimo a influência divina. Aproveite esses instantes de meditação, leia o Evangelho de Jesus,
riqueza imensa deste e do Outro Mundo, e verá quantos benefícios a sua vida receberá. Mas, primeiro, vamos aplacar os ruídos da Alma. Um minuto de silêncio.
TBV
O Templo da Boa Vontade, em Brasília, é hoje amplamente reconhecido como excelente local para a criatura aquietar o coração e elevar o pensamento ao mais Alto, ganhando assim forças para seguir avante. O TBV preconiza o Ecumenismo Total, expressão criada pelo saudoso fundador da LBV, Alziro Zarur (1914-1979), o qual propõe a fraterna aliança da Humanidade da Terra com a do Mundo Espiritual Superior e com qualquer civilização que possa haver no Espaço.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

sábado, 21 de maio de 2016

Até quando cativos?

Paiva Netto
Dezoito de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Trata-se do cumprimento da Lei 9.970, de maio de 2000.
Segundo o Comitê Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual de Crianças e Adolescentes, “a data é uma lembrança a toda a sociedade brasileira sobre a menina sequestrada em 18 de maio de 1973, Araceli Cabrera Sanches, então com 8 anos, quando foi drogada, espancada, estuprada e morta por membros de uma tradicional família capixaba. Muita gente acompanhou o desenrolar do caso, poucos, entretanto, foram capazes de denunciar o acontecido”.
Já se passaram mais de 40 anos desse lamentável episódio! É verdade que muitas louváveis iniciativas pelo país se empenham para evitar novas Aracelis. Contudo, até agora, não foi possível impedir que outras vítimas surjam a cada dia.
O brado renovado aqui é que a sociedade e seus órgãos constituídos jamais fechem seus olhos para tamanha calamidade. Esse “seriado” horripilante, cujas temporadas prosseguem ininterruptas e ainda sem data de término, não é uma ficção. A realidade de dramas inumeráveis continua clamando por mais segurança, bom senso, atitudes preventivas, justiça e caridade de todos nós.
E nada melhor do que abordarmos esse horror no ensejo da celebração da Lei Áurea no Brasil, 13/5. Enquanto um só indivíduo, independentemente de sua etnia – seja criança, adolescente, jovem, adulto, idoso, mulher, homem – sofrer qualquer tipo de violação de seus direitos de cidadania, vivenciaremos um estado de cativeiro.
Marca da inclusão
Sob diferenciado espírito acolhedor, funciona a nossa rede de ensino pelo país, na qual desenvolvemos a Pedagogia do Afeto e a Pedagogia do Cidadão Ecumênico, diretrizes da linha educacional que adotamos, que têm como alicerce a Espiritualidade Ecumênica.
Em 2014, o Conjunto Educacional Boa Vontade, em São Paulo/SP, recebeu integrantes da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP): a professora doutora Emília Cipriano Sanches, do curso de Pedagogia; a professora Regina Helena Zerbini Denigres; e as estudantes de Pedagogia Isadora Prados, Gabriela Romera, Melissa Rodrigues, Adriana Rocha e Paula Scobosa.
O Coral e o Grupo de Instrumentistas Infantojuvenis Boa Vontade as recepcionaram com uma canção de boas-vindas e uma música em Libras (Língua Brasileira de Sinais), que eles aprendem em sala de aula.
A dra. Emília Sanches, também coordenadora da Consultoria e Assessoria Educacional Aprender a Ser, destacou aos alunos: “Uma emoção muito grande! Quem educa, educa para transformar, e vocês estão transformando. Fiquei olhando a expressão de cada um, a felicidade. Agradeço com muito carinho por vocês me fazerem acreditar que é possível ter crianças e jovens trabalhando numa perspectiva de transformação. A música que apresentaram traz uma mensagem maravilhosa, que é da inclusão. E a grande marca desta Instituição é a inclusão. Parabéns por fazerem essa verdade da inclusão se manifestar nas nossas vidas. Muito obrigada!”.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Horizonte além do horizonte

Paiva Netto
Em 24 de outubro de 2009, durante as comemorações dos 20 anos do Templo da Boa Vontade, localizado em Brasília/DF, lancei a primeira e, portanto, histórica publicação da Academia Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, cujo tema principal é o revolucionário “Amai-vos como Eu vos amei” de Jesus, a estrutura de um mundo novo.
Permitam-me, então, trazer-lhes trechos do que os jovens integrantes da Academia escreveram sobre A Proclamação do Novo Mandamento de Jesus – A saga heroica de Alziro Zarur (1914-1979) na Terra:
“O Cristo, enquanto caminhou pelo mundo, deixou parábolas e exemplos pragmáticos do Amor e da Justiça Divinos, incluindo a Lei capaz de nos transformar para sempre e de nos fazer entender a origem e o objetivo da existência. Depois de quase dois milênios, o Brasil foi palco da revelação pouco estudada e de reconfortante conceito: em 7 de Setembro de 1959, o saudoso fundador da LBV, Alziro Zarur, fez, em Campinas/SP, a Proclamação do Mandamento Novo: ‘Amai-vos como Eu vos amei’ (Evangelho, segundo João, 13:34). É a História dessa revelação, da ordem espiritual de criar a LBV e do avanço da Obra na Seara do Bem que a Academia Jesus resumidamente narra neste livro. E diga-me, amigo leitor, amiga leitora, que pessoa ou povo não carece desse Amor Celeste para, de fato, viver uma sociedade melhor, porquanto justa? O contrário disso é o que infelizmente se vem alastrando pelo mundo: poluição, violência, temor, guerras. A Proclamação do ‘Amai-vos’ de Jesus é definida por Paiva Netto como ‘um dos atos mais comoventes e decisivos da História — o tempo provará’. E completa: ‘(...) A visão que a Sabedoria imanente do Mandamento Novo nos abre torna compreensível o incompreensível; suportável, o insuportável’.
“A Academia Jesus é composta pelo Instituto de Estudo, Pesquisa e Vivência do Novo Mandamento de Jesus e pelo Instituto de Estudo e Pesquisa da Ciência da Alma. Por meio da produção de um saber que a todos conforte, isto é, espiritual e terreno, tem por objetivo dessectarizar a maneira como alguns veem o Cristo de Deus e o Cristianismo, isto é, mostrar a influência e a aplicabilidade das lições universais e eternas do Acadêmico Celeste em todos os campos do conhecimento, que não se limita às fronteiras físicas”.
Além do além
Todo esse esforço de Fé Realizante que os jovens de Boa Vontade descrevem visa demonstrar o acanhamento de qualquer campanha infrene de reducionismo de todo o significado divino-humano de Jesus, que, no famoso diálogo com Nicodemos (Evangelho, segundo João, 3:1 a 21), nos desperta para o fato de que existe uma Espiritualidade além da espiritualidade, uma Filosofia além da filosofia, uma Ciência além da ciência, uma Economia além da economia, uma Política além da política, uma Arte além da arte, um Esporte além do esporte, uma Existência além da existência, um Horizonte além do horizonte, um Deus Divino além do deus humano. A Academia Jesus nasce para iluminar o conteúdo ideológico (espiritual e humano) dos seres de Boa Vontade, da Terra e do Céu da Terra, em todas as áreas de atuação, para que sua forma de exprimir-se e de existir não seja espiritualmente vazia, e que, por isso, a Doutrina do Cristo, em Espírito e Verdade, à luz do “Amai-vos” (Evangelho, segundo João, capítulos 13 e 15) cumpra sua notável tarefa de esclarecer e libertar as criaturas, pois o Criador deseja que ninguém se perca (Segunda Epístola de Pedro, 3:9). Por isso, criou a Lei das Reencarnações ou das possibilidades sucessivas de remissão (...).
Eis, em suma, a mensagem de Jesus que esses jovens querem ressaltar: a Paz para todos os povos e nações, de modo que definitivamente se aliem, como no caso da sobrevivência da Terra — governo e povo, empresários e ONGs ambientalistas e assim por diante. A questão é conduzir a Economia pensando no Capital de Deus, o ser humano.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

quarta-feira, 18 de maio de 2016

Esopo, Liberdade e Esperança

Paiva Netto
Fui aluno do Pedro II, o antigo Colégio-Padrão, no Rio de Janeiro. Boas recordações guardo dos mestres Homero Dornelas (1901-1990), assessor do genial Heitor Villa-Lobos (1887-1959); Honório Silvestre; José Jorge (1921-2006); Newton Gonçalves de Barros (1915-1997); Pompílio da Hora; Sá Roriz; Farina; Choeri (1925-2013); Sebastião Lobo; José Marques Leite; Fernando Segismundo (1915-2014), ex-presidente da Associação Brasileira de Imprensa, a nossa ABI; e outras notabilidades nacionais.
Lá estudávamos as páginas de Esopo (aprox. 620-564 a.C.), Fedro (aprox. 15 a.C.-50 d.C.), La Fontaine (1621-1695)...
Fábulas, todos sabem, são narrativas em que os animais falam, acertam ou se equivocam, possuem sabedoria ou empáfia. Enfim, singularizam os homens com as suas qualidades e defeitos. Esopo, um cativo grego na ilha de Samos, viveu há mais de 2.500 anos e era campeão em contar essas historinhas, que sempre nos convidam a refletir. Uma delas é:
O cão e o lobo
“Vinha um cão por uma estrada. De súbito, deu de frente com um lobo, que lhe disse:
“— Amigo, estás com uma excelente aparência! Forte, lépido, feliz. Sinto até inveja de ti…
“— É mesmo?! Faze então igual a mim. Consegue um dono bondoso. E terás alimento nas horas certas e serás bem-cuidado. Meu único serviço é, se aparecerem assaltantes, latir à noite. Vem, pois, comigo e ele te dará semelhante tratamento.
“O lobo considerou a proposta muito boa e foi acompanhando o cão no caminho de casa. Até que, a um dado instante, um fato despertou a sua curiosidade.
“— Que é isso pendurado em teu pescoço? Estás machucado?
“— Bem... — respondeu-lhe o cão — é por causa da coleira.
“— Quê?! — espantou-se o lobo…
“— De dia, meu senhor me prende com ela. Não quer que eu apavore as pessoas que o visitam.
“Ouvindo isso, o lobo não quis mais conversa e abandonou o cão no meio do trajeto, todavia não sem antes lhe dizer: — Amigo, esquece tudo, porque não te seguirei mais. Acho melhor viver liberto do que na tua aparente abastança”.
Moral da história e lição de Jesus
Não há ouro suficiente que valha a liberdade, que, para ser correta, invoca responsabilidade. E, assim, o velho filósofo da Hélade, que era mentalmente livre, embora padecesse a ignomínia da escravidão, legou-nos, entre outros, esse grande preceito. Contam que o senhor de Esopo, espantado com tamanho saber, lhe deu carta de alforria.
O ensinamento de Jesus é superior ao do fabulista. Encontra-se no Evangelho, segundo João, 8:32: “Conhecereis a Verdade [de Deus], e a Verdade [de Deus] vos libertará”. Eis a diferença — a verdade dos homens, em geral, costuma deixá-los malogrados, porque às vezes é apenas razão, que pode variar conforme os mais diversos fatores, incluídos os de longitude e latitude, apesar da globalização infrene. A Verdade de Deus eleva-nos ao esclarecimento maior. É razão embasada na Justiça e firmemente no Amor, por conseguinte distante de fanatismos ou de certas espécies de convicções radicais. A Verdade de Deus, até nas dúvidas mais recônditas, premia os seres humanos, quando justos, pacientes e pertinazes, com a Emancipação Espiritual. Ela jamais os surpreenderá, adiante, com as mais tristes frustrações. Isso ocorreu a célebres pensadores que viram suas certezas abaladas, ou mesmo derruídas, com o estremecimento de ideologias brilhantes, porém pouco eficazes. Entretanto, como esclareceu Lavoisier (1743-1794): “Na Natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma”. Ninguém é culpado, sendo crente ou ateu, por realmente querer o melhor para o povo.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

terça-feira, 17 de maio de 2016

Ecumenismo dos corações*

Paiva Netto
Quando falamos em Ecumenismo, queremos dizer universalismo, do Bem, Fraternidade sem fronteiras, Solidariedade internacional, visto que entendemos a Humanidade como uma família. E não existe uma só em que todos os filhos tenham o mesmo comportamento. Cada um é um cosmos independente, o que não significa dizer que esses “corpos celestes” tenham de esbarrar uns nos outros. Seria o caos. (...) Referimo-nos ao Ecumenismo dos Corações do sentimento bom, que independe das diferenças comuns da família humana, em que as pessoas raciocinam de acordo com o amadurecimento próprio, com a extensão do seu saber ou da falta dele. Aquele que nos convence a não perder tempo com ódios e contendas estéreis, mas a estender a mão aos caídos, pois se comove com a dor, tira a camisa para vestir o nu, contribui para o bálsamo curador de quem se encontra enfermo, protege os órfãos e as viúvas, como ensina Jesus, no Evangelho, segundo Mateus, 10:8. Quem compreende o alto sentido do Ecumenismo dos Corações sabe que a Educação com Espiritualidade Ecumênica é fundamental para o progresso dos povos, porque Ecumenismo é Educação aberta à Paz, para o fortalecimento de uma nação (não para que domine as outras); portanto, o abrigo de um país e a sobrevivência do orbe que nos agasalha como filhos nem sempre bem-comportados.
Basta lembrar o lamentável fenômeno do aquecimento global, cada vez menos desmentido pelas maiores cabeças pensantes do mundo. (...) Os vanguardeiros — ecólogos, políticos e cientistas de ponta — já procuram soluções práticas para conter a poluição, que nos envenena desde o útero materno. (...)
Conforme afirmei, em 1981, ao jornalista Paulo Rappoccio Parisi (1921-2016) e reproduzi na revista Globalização do Amor Fraterno, nunca como agora se fez tão indispensável unir os esforços na luta contra a fome e pela preservação da vida no planeta. É imperioso aproveitar o empenho de todos, ecologistas e seus detratores, assim como trabalhadores, empresários, o pessoal da mídia (escrita, falada e televisionada, e, agora, eu incluo a internet), sindicalistas, políticos, militares, advogados, cientistas, religiosos, céticos, ateus, filósofos, sociólogos, antropólogos, artistas, esportistas, professores, médicos, estudantes ou não (bem que gostaríamos que todos se encontrassem nos bancos escolares), donas de casa, chefes de família, barbeiros, manicures, taxistas, varredores de rua e demais segmentos da sociedade.
A primeira mulher a ir ao espaço (1963), a cosmonauta russa Valentina Tereshkova, resumiu numa frase que muito tem a ver com a gravidade do que estamos enfrentando ante o problema do aquecimento global: “Uma vez que você já esteve no espaço, poderá apreciar quão pequena e frágil a Terra é”.
O assunto tornou-se dramático, e suas perspectivas, trágicas. Pelos mesmos motivos, urge o fortalecimento de um ecumenismo que supere barreiras, aplaque ódios, promova a troca de experiências que instiguem a criatividade global, corroborando o valor da cooperação sócio-humanitária das parcerias, como, por exemplo, nas cooperativas populares em que as mulheres têm grande desempenho, destacado o fato de que são frontalmente contra o desperdício. Há realmente muito que aprender uns com os outros. O roteiro diverso comprovadamente é o da violência, da brutalidade, das guerras, que invadem os lares em todo o orbe.
Alziro Zarur (1914-1979), saudoso Proclamador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, enfatizava que as batalhas pelo Bem exigem denodo.
Simone de Beauvoir (1908-1986), escritora, filósofa e feminista francesa, acertou ao afirmar: “Todo êxito envolve uma abdicação”.
Resumindo: cada vez que suplantarmos arrogância e preconceito, existirá sempre o que absorver de justo e bom com todos os componentes desta ampla “Arca de Noé”, que é o mundo globalizado de hoje. Daí preconizarmos a união de todos pelo bem de todos, porquanto compartilhamos uma única morada, a Terra. Os abusos de seus habitantes vêm exigindo providência imperativa: ou integra ou desintegra (...), razão por que devemos trabalhar estrategicamente em parcerias que promovam prosperidade efetiva para as massas populares.
Nosso tempo requer, sem delongas, que se desenvolva uma real consciência dos problemas sociais que precisam de solução para ontem. Jamais é ou foi suficiente levantar o vidro do carro. A necessidade de reformas bate às portas. Façamo-las antes que processos traumáticos da sociedade cobrem atitude. E aí, além dos anéis, ir-se-ão os dedos. Não faltam exemplos na História.
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* Trecho extraído do artigo “Oito Objetivos do Milênio”, publicado na revista Globalização do Amor Fraterno (português, inglês, francês, alemão, italiano, espanhol e esperanto), entregue aos chefes de Estado e demais representações durante o High-Level Segment 2007, da ONU, em Genebra (Suíça).
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Que falta ao mundo para que haja Paz?

Paiva Netto
Em tempo algum a civilização alcançou tamanho grau de tecnologia. Que falta, pois, para que haja Paz? Resta sublimar as ações do progresso com a Espiritualidade Ecumênica, que potencialmente nos acompanha — saibamos ou não saibamos, queiramos ou não queiramos — desde antes do berço e de que devemos ser proclamadores, como crentes em Deus. Naturalmente que entendido como Amor, Verdade e também Justiça, que “é o apoio do mundo”, ao passo que “a injustiça, pelo contrário, é origem e fonte de todas as calamidades que o afligem”, consoante o pensamento do filósofo Dietrich de Holbach (1723-1789).
Como escrevi em Dialética da Boa Vontade — Reflexões e Pensamentos, lançado em 1987: Num futuro que nós, civis, religiosos e militares de bom senso, desejamos próximo, não mais se firmará a Paz sob as esteiras rolantes de tanques ou ao troar de canhões; sobre pilhas de cadáveres ou multidões de viúvas e órfãos; nem mesmo sobre grandiosas realizações de progresso material sem Deus. Isto é, sem o correspondente avanço ético, moral e espiritual. O ser humano descobrirá que não é somente sexo, estômago e intelecto, jugulado ao que toma como realidade única. Há nele o Espírito eterno, que lhe fala de outras vidas e outros mundos, que procura pela Intuição ou pela Razão. A paz dos homens é, ainda hoje, a dos lobos e de alguns loucos imprevidentes que dirigem povos da Terra.
A Paz, a verdadeira Paz, nasce primeiro do coração limpo do homem. E só Jesus pode purificar o coração da Humanidade de todo o ódio, porque Jesus é o Senhor da Paz.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

domingo, 15 de maio de 2016

A Fé é o combustível das Boas Obras

Paiva Netto
Em uma palestra que proferi de improviso no Rio de Janeiro/RJ, em 5 de julho de 1991, asseverei que a Fé é o combustível das Boas Obras; portanto, do trabalho. Tantos anos se passaram, e essa frase continua cumprindo o papel de fortalecer os corações. É como a prece. Ela é necessária a todo instante, porque a Alma, assim como o corpo, necessita de alimento. O que sustenta o Espírito é justamente a oração. O Amor que vem de Deus é resultado de nossa permanente sintonia com o Pai Celestial. Mas é preciso não esmorecer ante as intempéries da existência. É de Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, este incentivo basilar: “Aquele que perseverar até ao fim será salvo” (Evangelho, segundo Mateus, 10:22).
Oração do trabalhador
Pelo ensejo do Dia do Trabalhador, comemorado em primeiro de maio, dedico aos operários da Terra e do Céu da Terra — já que os mortos não morrem — a “Oração do Trabalhador”, de autoria do nobre “Médico dos Pobres”, dr. Bezerra de Menezes (1831-1900), Espírito, por intermédio da sensitiva Maria Cecília Paiva, constante do livro Veleiro de Luz:
“Senhor, nossos corações reunidos aos corações que oram e trabalham em Teu Nome entoam o cântico de amor e de felicidade que nos invade a Alma.
“Humildes trabalhadores de Tua Seara, somos ainda os pequeninos aprendizes do Teu Evangelho que nos esclarece para a longa jornada do infinito.
“Louvamos a Tua Grandeza que estende mãos generosas à nossa debilidade, amparando-nos para que possamos exercer o Divino Mandato que nos confiaste.
“Nós Te louvamos o nome sagrado que imprime em nossas vidas a força necessária para empunharmos a enxada do trabalhador consciente de sua responsabilidade.
“Nós Te agradecemos as bênçãos generosas que deixas em nossos caminhos como frutos sazonados do Teu Amor, ofertando-nos vitalidade maior.
“Nós Te suplicamos, Senhor, que não nos deixes viver ao som das trombetas da vaidade, ou ao som dos elogios fáceis.
“Sabemos, Divino Mestre, quão pequenos e frágeis somos e quão necessárias são as Tuas Bênçãos para o nosso fortalecimento.
“Reergue-nos, Senhor, quando fraquejarmos.
“Inspira-nos nos momentos difíceis.
“Ampara-nos hoje e sempre.
“Que os dias de trabalho que Te ofertamos sejam iluminados pelas Auras de Teus Anjos, a fim de que aqueles que se aproximarem de nós recebam a gota de orvalho que balsamiza e cura.
“Não nos deixes entregues ao orgulho que ainda vive em nosso íntimo e permite que, humildes trabalhadores de hoje, possamos prosseguir sempre, rumo aos mais altos planos, amando-Te e servindo sempre em Teu Nome.
“Anjo de Deus, envolve-nos na Tua Luz, e, estrada afora, cantaremos glórias ao Teu Nome para sempre!”.
Belíssima oração! Faz bem à Alma. Espiritualidade Ecumênica é para isso: fazer bem ao nosso Espírito. Portanto, muito oportuna esta palavra do meu saudoso amigo ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) Austregésilo de Athayde (1898-1993): “A verdadeira religião ensina, orienta, edifica, porém não ameaça. A infinita bondade de Deus não pode ser clava mortal para os pecadores”.
Um mundo melhor
A edição 234 da revista BOA VONTADE (março de 2013) trouxe este destaque da palavra do vocalista do grupo Nenhum de Nós, Thedy Corrêa: “A LBV faz um trabalho sensacional, porque muitas pessoas têm dificuldade de enxergar esta possibilidade: a de que existe um mundo melhor... e a LBV mostra isso a elas”.
Grato ao generoso povo brasileiro, que tem tornado possíveis essas ações de Boa Vontade com seu imprescindível apoio.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor. paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com