quarta-feira, 27 de julho de 2016

Depressão infantil

 

Paiva Netto


Levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) demonstra que, em todo o planeta, 20% das crianças e dos adolescentes apresentam sintomas de depressão, como irritabilidade ou apatia e desânimo. Os dados referentes ao Brasil sugerem que esse tipo de distúrbio se faz presente entre 8% e 12% da população infantojuvenil.
É um número preocupante. Saber lidar com essa problemática, que jamais esteve restrita a adultos e idosos, é providência urgente para pais e educadores.
O programa Educação em Debate, da Boa Vontade TV (Oi TV — Canal 212 — e Net Brasil/Claro TV — Canal 196), que discute os principais assuntos da educação pela ótica da Espiritualidade Ecumênica, entrevistou o dr. Gustavo Lima, psiquiatra da Infância e da Adolescência, que nos aponta algumas causas da depressão nas fases iniciais da vida e como notá-las: “Primeira coisa — uma investigação clínica pormenorizada. Segunda coisa — é muito importante lembrar que os transtornos afetivos na infância e na adolescência são de causa multifatorial, ou seja, diversos fatores podem causar a depressão: genéticos, ambientais, entre outros. Entretanto, na nossa prática clínica, o que aumenta muito a chance de uma criança ficar deprimida são os ambientes familiar e escolar desfavoráveis".

 

Diferença comportamental

O que dificulta, de certa maneira, pais e educadores perceberem que o filho ou o educando está deprimido é o comportamento dessa patologia entre as faixas etárias: “Diferentemente dos adultos, as crianças não ficam deprimidas o tempo inteiro. Às vezes, os pais deixam de levar o filho para uma avaliação porque em algum momento do dia ele se divertiu. E isso não significa que não esteja deprimido”, esclareceu o especialista.
E alertou ainda: “É preciso, também, muito cuidado com os sintomas de ideação de morte, quando vêm à mente ideias suicidas. Quando você está diante de uma criança deprimida com esses sintomas, é muito importante uma avaliação médica e um tratamento com psicólogo. Em alguns casos, dependendo da gravidade, recorrer a tratamento farmacológico”.

 

Prevenção

Para o dr. Gustavo Lima — que é membro do Programa de Atendimento a Transtornos Afetivos do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP — existem algumas atitudes que podem ajudar a prevenir a depressão nas crianças: “Além de um acompanhamento pediátrico, cuidar das horas de sono e da alimentação, um ambiente familiar estruturado é fundamental. Outra coisa importante é uma escola que favoreça o desenvolvimento da criança, que consiga identificar as reais potencialidades dela. Então, saúde, bem-estar, ambientes familiar e escolar favoráveis, prestar atenção também em questões genéticas contribuem, e muito, para se prevenir a depressão infantil”.
Atentemos, pois, às elucidativas recomendações do dr. Gustavo Lima. E não descuidemos de proporcionar aos pequenos e aos jovens um espaço sadio, enriquecido por uma Espiritualidade Ecumênica orientada pelos melhores princípios éticos. Desde cedo, devemos ter consciência de que a prece, a meditação, a confiança em Deus ou nas forças da Natureza são eficientes recursos ao equilíbrio bio-psíquico-espiritual.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com

segunda-feira, 25 de julho de 2016

Aplacar a tempestade

Paiva Netto


Diante das mais variadas situações, em que a dor e o sofrimento chegam, muitas vezes sem avisar, é imprescindível o gesto solidário das criaturas em prestar socorro material e espiritual ao próximo. E, ao lado desse apoio imediato, é preciso alimentar a força da esperança e da Fé Realizante, que levam o ser humano a se manter sob a proteção do Pai Celestial e o estimulam a arregaçar as mangas e concretizar suas mais justas súplicas.
Nos desafios da existência, recordemos sempre a palavra de conforto e ânimo renovados deJesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, constante do Seu Evangelho, segundo Mateus, 8:23 a 27; Marcos, 4:35 a 41; e Lucas, 8:22 a 25. A seguir, o texto da Boa Nova unificado por Wantuil de Freitas:
“Aconteceu que, num daqueles dias, Jesus tomou uma barca, acompanhado pelos Seus discípulos; e eis que se levantou no mar tão grande tempestade de vento que as ondas cobriam a barca, enquanto Jesus dormia na popa, sobre um travesseiro. Os discípulos O acordaram aos brados, dizendo: ‘Salva-nos, Senhor, nós vamos morrer!’. E Jesus lhes respondeu: ‘Por que temeis, homens de pequena fé?’. Então, erguendo-se, repreendeu os ventos e o mar; e se fez grande bonança. Aterrados e cheios de admiração, os discípulos diziam uns aos outros: ‘Afinal, quem é Este, que até o vento e o mar Lhe obedecem?’”.

Enfrentar e vencer as tormentas
O que tem sido a vida humana, para muitos, a não ser o atravessar de procelas, que devemos vencer, não fugindo delas? Vejamos o exemplo na própria náutica. Quando há uma tempestade com vagalhões, o comandante embica a proa do navio na direção das vagas, se ele, surpreendido pela tormenta, não pôde fugir dela. Não vira para o lado, não dá às vagas os seus costados. Senão, o barco corre o grave risco de adernar e até submergir. Assim cada um de nós tem de ser. Enfrentar as tormentas do cotidiano com o potente navio que o Excelso Navegador nos oferece, que é o nosso corpo, conduzido pelo Espírito, mesmo quando enfermo. Encarar a tempestade e vencê-la, derrubadas as ilusões da vida. Porque aí é possível sonhar com um mundo melhor. Iludirmo-nos é que não podemos. E, quando o temporal estiver mais forte, a ponto de pensarmos que soçobraremos — ou, o que é pior, acharmos que o Comandante Celeste está distraído, descansando —, tenhamos a certeza de que o Divino Timoneiro não dorme. Jesus sempre se encontra alerta, pronto a orientar a Sua tripulação, indicando-lhe novas viagens pelo planeta inteiro, esperando que mostre a sua capacidade e perseverança.
“Por que temeis, homens de pequena fé?”
Assimilemos o quanto antes essa repreensão justa de nosso Mestre, pois, de qualquer forma, na hora certa, Ele vai erguer-se, repreender os ventos e o mar, e far-se-á Paz nos corações.
Tudo neste mundo pode ficar fora do controle dos homens, mas nada escapa ao comando de Deus. Portanto, quanto mais perto Dele, mais longe dos problemas.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com 

sexta-feira, 22 de julho de 2016

O suicídio não resolve ...

 

Paiva Netto


Ensinava Alziro Zarur (1914-1979): “O suicídio não resolve as angústias de ninguém”. Estava com a razão o autor de Poemas da Era Atômica.
Matar-se abala, por largo tempo, a existência do Espírito, pois ofende a Lei Divina, que é Amor, mas também Justiça.
Quando a dor apertar, por favor, lembre-se desta página de André Luiz, na psicografia do venerando Francisco Cândido Xavier (1910-2002):

Mais um pouco*
"Quando estiveres à beira da explosão na cólera, cala-te mais um pouco e o silêncio te poupará enormes desgostos.
"Quando fores tentado a colaborar na maledicência, guarda os princípios do respeito e da fraternidade mais um pouco e a benevolência te livrará de muitas complicações.
"Quando o desânimo impuser a paralisação de tuas forças na tarefa a que foste chamado, prossegue agindo no dever que te cabe, exercitando a resistência mais um pouco e a obra realizada ser-te-á gloriosa bênção de luz.
"Quando a revolta espicaçar-te o coração, usa a humildade e o bom entendimento mais um pouco e não sofrerás o remorso de haver ferido corações que devemos proteger e considerar.
"Quando a lição oferecer dificuldade à tua mente, compelindo-te à desistência do progresso individual, aplica-te ao problema ou ao ensinamento mais um pouco e a solução será divina resposta à tua expectativa.
"Quando a ideia de repouso sugerir o adiamento da obra que te cabe fazer, persiste com a disciplina mais um pouco e o dever bem cumprido ser-te-á coroa santificante.
"Quando o trabalho te parecer monótono e inexpressivo, guarda fidelidade aos compromissos assumidos mais um pouco e o estímulo voltará ao teu campo de ação.
"Quando a enfermidade do corpo trouxer pensamentos de inatividade, procurando imobilizar-te os braços e o coração, persevera com Jesus mais um pouco e prossegue ajudando a todos, agindo e servindo como puderes, porque o Divino Médico jamais nos recebe as rogativas em vão.
"Em qualquer dificuldade ou impedimento, não te esqueças de usar um pouco de paciência, amor, renunciação e Boa Vontade, a favor de teu próprio bem-estar.
"O segredo da vitória, em todos os setores da vida, permanece na arte de aprender, imaginar, esperar e fazer mais um pouco".
O Salmo 31:24 da Bíblia Sagrada adverte fraternalmente: “Tende coragem, e Ele fortalecerá o coração de todos vós que esperais no Senhor”.
O Rabino Henry Sobel pondera: “Não somos donos da Vida, mas apenas os guardiões dela”.
Honremos, pois, o extraordinário dom que Deus nos concedeu, que é a Vida, e Ele sempre virá em nosso socorro pelos mais inimagináveis e eficientes processos.
Substancial é que saibamos humildemente entender os Seus recados e os apliquemos com a Boa Vontade e a eficácia que Ele espera de nós.
A permanente sintonia com o Poder Divino só nos pode adestrar o Espírito, para que tenha condições de sobreviver à dor, mesmo que em plena conflagração dos destemperos humanos.
Do livro Billy Graham responde, emerge esta elucidação do respeitado pastor norte-americano:“A vida nos foi concedida por Deus e só Ele tem o direito de tirá-la. Além disso, até mesmo no meio das circunstâncias mais difíceis, Deus está conosco. (...) Devo enfatizar o fato de o suicídio ser um erro, não fazendo parte do plano de Deus”.
Na Quarta Surata do Alcorão Sagrado, encontramos este conforto numa admoestação do Profeta Muhammad“29. Ó crentes, não defraudeis reciprocamente os vossos bens por vaidade, realizai comércio de mútuo consentimento e não pratiqueis suicídio, porque Deus é misericordioso para convosco”.
Santa Teresa d’Ávila (1515-1582), a grande mística da Espanha, incentiva-nos à perseverança:
“Que nada te perturbe, nada te amedronte.
“Tudo passa. Só Deus nunca muda.
“A paciência tudo alcança. A quem tem Deus, nada falta.
“Só Deus basta”.
A continuação da existência após a morte jamais poderá ser justificativa para o suicídio. Todos continuamos vivos.
Acertadamente escreveu Napoleão Bonaparte (1769-1821), quando lamentou essa inditosa escolha, que infelicita o Espírito de quem se deixa seduzir por ela, porque a chegada ao Outro Mundo daquele que destrói o seu próprio corpo é um grande tormento, porquanto não há morte após a morte: “Tão corajoso é aquele que sofre valentemente as dores da Alma como o que se mantém firme diante da metralha de uma bateria. Entregar-se à dor sem resistir, matar-se e eximir-se à mesma dor é abandonar o campo de batalha antes de ter vencido”.
(Apesar de Napoleão I ter pensado em suicídio durante sua atribulada carreira militar e política, não o praticou. Daí a importância do seu pensamento.)
Finalmente, confiantes, sigamos o caminho apontado pelo Senhor no livro Deuteronômio, 30:19:“Como podes ver, coloquei hoje diante de ti a Vida e o Bem, a morte e o mal... portanto, escolhe a Vida, para que vivas tu e a tua semente”.
Meus Amigos e Irmãos em Humanidade, a grande fortuna é sabermos que Viver é melhor!

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“Mais um pouco” – Antologia da Boa Vontade, 1955.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Gandhi: o capital em si não é mau

Paiva Netto


Ensinou Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista: “Bem-aventurados os pacientes porque eles herdarão a Terra” (Sermão da Montanha, segundo Mateus, 5:5). Em outubro de 1991, ao ler e concomitantemente analisar o Manifesto da Boa Vontade, que lancei por ocasião da Pedra Fundamental do ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF, declarei que — faltava ao Brasil um poderoso mercado interno e um complexo industrial, tecnologicamente atualizado, que de forma plena satisfizesse a sua demanda nacional sem prejuízo da exportação. Lembro-me ainda das aulas de História no Colégio Pedro II, com o saudoso professor Newton Gonçalves de Barros, que tanto amou o nosso torrão natal. Muitos imaginaram, naquela época romântica, que, no governo Juscelino Kubitschek (1956 a 1961) e nos logo a seguir, o mercado interno brasileiro tomaria poderio semelhante ao dos países mais ricos, a exemplo dos Estados Unidos.
(Hoje vemos isso em pujante desenvolvimento no Brasil. E os graves problemas que estão desestabilizando o mercado internacional são resultantes dos maus gestores, entre outras coisas.)
Mahatma Gandhi (1869-1948), numa frase lapidar, retratou a realidade: “O capital em si não é mau; o uso incorreto dele é que é ruim”.

Economia: a mais espiritual das ciências
E para bem entendermos esse conceito do sábio ativista indiano, necessário é que compreendamos, para surpresa de alguns, que a Economia é essencialmente espiritual, posto que, de fato, é no “Outro Lado da Vida” que se encontra a sua verdadeira origem. Essa foi a defesa que fiz na entrevista publicada pela Folha de S.Paulo, no Segundo Caderno, em 7 de novembro de 1982, na seção Exterior, quando tratávamos de nossa presença na ONU:
(...) Economia também tem de ser vista sob o aspecto religioso da solidariedade, que garanta a todos o acesso aos bens de produção: a Economia é a mais espiritual, no sentido mais amplo, das ciências (ou arte). E aqui estou falando de religião, com todas as letras maiúsculas, e não dos casos patológicos catalogados como tal no passar da História. Ela é algo supinamente elevado, que nada tem a ver com os conflitos produzidos pelos homens. Jesus é o maior economista do planeta Terra, visto que possui todos os talentos de Deus para semear entre os seres humanos, em consonância com o merecimento pessoal. É Ele quem diz — “a cada um de acordo com as suas obras” (Evangelho, conforme Mateus, 16:27). E isso faz parte da Estratégia da Sobrevivência, que há vários anos defendo. (...)

Muito além do mercado 
E observem que o Gandhi não pensava e agia apenas à maneira de um religioso, todavia como um bom político.
Com aquela afirmativa à Folha, procurei demonstrar que, acima do mercado, existe um requisito anterior a ele, que há de subsistir eternamente. Trata-se do Espírito eterno do ser humano que, evoluído e valorizado como o Capital de Deus, torna-se o fulcro de estabilidade da Economia, porque se contrapõe à ganância e à impunidade. Desse modo, não poderá, sem más consequências, ser vítima de ceticismos ou fanatismos, pois o Divino Dono do capital chamado Espírito virá, por processos que a maioria ainda não deduz, cobrar dos seus reducionistas ou detratores os desvios. A Economia é a mais espiritual das ciências (ou arte), porquanto enfeixa o ordenamento dos bens imprescindíveis à sobrevivência dos cidadãos e à melhoria da qualidade de vida. Abordar, com apurado senso, este assunto é uma incumbência natural dos religiosos e mesmo dos descrentes em relação à existência da Divindade, mas que trazem dentro de si o respeito à nobreza do semelhante. Sem espírito solidário não haverá civilização sobrevivente (...).
Urge um grande serviço ecumênico de reeducação, pois não há regime bom enquanto o homem for mau (desculpem o cacófato). Ecumenismo, quer dizer, universalismo, como o inferimos, é Educação aberta à Paz.

Era superglobalizante e perigo
Em Apocalipse sem Medo (1999), no capítulo “Extratos de O Capital de Deus”, considerei que sempre existirá a necessidade de trabalho, como haverão de entender os corifeus desta era superglobalizante. Contudo, é indispensável que possuam preocupações sociais efetivas com as massas indigentes das nações pouco desenvolvidas e/ou em guerra. Um dia, a casa pode cair. Mesmo! 
Benjamin Franklin (1706-1790) apropriadamente apontou que “só sabemos o valor da água quando o poço seca”. Touché!

Sem limitações
Não há limites para a solidária expansão do Capital de Deus: o Espírito Eterno do ser humano.
No porvir, esta divina verdade tornar-se-á uma certeza irrefragável para a consciência humana: finalmente compreender que o Espírito imortal é o moto-perpétuo de todo o progresso sem poluições e também o inderrotável advogado de defesa da paz desarmada.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com 

sábado, 16 de julho de 2016

Guardiães da infância e dos jovens

 

Paiva Netto

 

Como ser humano, considero fundamental a lei que torna hediondo o crime de exploração sexual de crianças, adolescentes ou pessoas vulneráveis, sancionada pelo governo brasileiro, no dia 21/5/2014.
Trata-se de grande conquista em prol da integridade da criatura humana desde a infância. A lei está aí. Compete agora seja respeitada.
Todos os pais, avós, parentes, professores, autoridades, enfim, todo cidadão de bem, contam com uma forte ferramenta para proteger as crianças, os jovens ou qualquer um que esteja em situação de risco. Quando Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, nos ensinou, no Pai-Nosso, a suplicar a Deus que "nos livrasse do mal", Ele não recomendou que aguardássemos de braços cruzados os fatos. Seu pragmático Evangelho é uma Academia que forma, em primeiro lugar, guardiães da ordem civilizada.
O grau de nossa responsabilidade deve estar à altura dos que dependem diretamente de nossas atitudes de amparo.
Mônica Souza, gerente de comunicação e marketing da Plan International Brasil, afirmou: "A exploração sexual infantil não vem de hoje. As campanhas de combate já existem há bastante tempo. Nesse momento, estamos nos preparando para ter uma resposta um pouco mais agressiva nesse período [de grandes eventos]". Um dos propósitos da Plan é capacitar crianças e jovens para serem protagonistas de sua própria história.
Também no contexto em pauta, o ensino e o conhecimento são providências de real prevenção. É o que Mônica ressalta: “Lugar de criança é na escola. Ela não tem que estar na rua ou nas praias trabalhando. Conscientizar a comunidade, trabalhar com ela, proporcionar seminários, mostrar o que acarreta o problema e trazer soluções, são oportunidades educativas”. A gerente da Plan fez esses comentários ao programa Sociedade Solidária, da Boa Vontade TV (Oi TV — Canal 212 — e Net Brasil/Claro TV — Canal 196).
Combatamos a exploração sexual. Por favor, anotem e tenham sempre às mãos o Disque 100 (Disque Direitos Humanos). A ligação é gratuita, e não é preciso se identificar. As Centrais de Atendimento funcionam diariamente, 24 horas por dia.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

quinta-feira, 14 de julho de 2016

Nelson Mandela

 

Paiva Netto

Nossa homenagem ao ilustre advogado e extraordinário líder político Nelson Rolihlahla Mandela, que retornou em 5 de dezembro de 2013 à Pátria Espiritual. 
Primeiro presidente negro da África do Sul, governando-a de 1994 a 1999, destemidamente lutou contra o apartheid, desumano regime de segregação racial que, por tanto tempo, infelicitou o extremo sul do continente africano. 
Em 18 de julho de 2016, Mandela completaria 98 anos. Foi um ser humano digno de admiração. Prêmio Nobel da Paz em 1993, ele foi condecorado no Brasil, para honra nossa, em 1997, com a Comenda da Ordem do Mérito da Fraternidade Ecumênica, láurea concedida pelo  ParlaMundi da LBV, em Brasília/DF.
Hoje, Madiba, como era afetuosamente chamado, segue o seu ativismo pela causa da liberdade, agora, na condição de Espírito Eterno.
Lembro-me de reportagem de uma equipe do SBT que acompanhou uma aula no Conjunto Educacional Boa Vontade, em São Paulo/SP, sobre a importância de Mandela para a democracia e a Paz. 
O respeito às diversas culturas e a vivência fraterna e ecumênica que diariamente despertamos nas crianças ficam demonstrados neste depoimento da aluna Lara Vitória, então com 8 anos: “Nós aprendemos desde pequeninos na escola que somos todos iguais e não importa se somos negros, brancos, de outras religiões. O que importa é o Amor que temos uns pelos outros”

Pedagogia pela Paz
“A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.” É um trecho do Artigo XXVI da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que completará, em 10 de dezembro, 68 anos.
Irmanada a esse preceito, em 22 de novembro de 2013, na Lincoln Avenue School, em Orange/ Nova Jersey, ocorreu bela cerimônia de conclusão do programa Estudantes de Boa Vontade pela Paz, desenvolvido pela LBV dos Estados Unidos nos colégios norte-americanos, por meio da Educação com Espiritualidade Ecumênica.
De forma dinâmica e entusiasmada, quase mil alunos participaram da solenidade. A iniciativa visa incentivar a liderança solidária entre os educandos e favorecer um ambiente escolar livre de violência.
Ao longo de dois meses, em parceria, educadores da LBV e professores do local orientaram crianças e adolescentes sobre o tema “conscientizar, compartilhar e ajudar”. Os alunos decidiram, então, pôr em prática um pouco do aprendizado. Promoveram na comunidade, com o apoio de voluntários da LBV, uma campanha de alimentos para ajudar famílias em situação de vulnerabilidade social do Condado de Essex/NJ. Trata-se de exemplar atitude que proporcionou alegria aos atendidos no dia 28/11, feriado de Ação de Graças naquele país.
O embasamento desse esforço dos educadores vem das etapas do MAPREI (Método de Aprendizagem por Pesquisa Racional, Emocional e Intuitiva) — a metodologia de aplicação da Pedagogia do Afeto (para crianças de até 10 anos) e da Pedagogia do Cidadão Ecumênico (a partir de 11 anos), que trabalhamos nas escolas da LBV no Brasil.
Nos Estados Unidos, como em muitos outros países, o problema da violência nas escolas é preocupante. E, segundo me informa o representante da LBV na ONU, Danilo Parmegiani, nossa Pedagogia, com a sua Cultura de Paz, tem obtido relevantes resultados em terras norte-americanas, pois todos percebem os benefícios de conciliar o currículo formal com a experiência da Boa Vontade em ação.
A notícia nos mostra o alcance da Espiritualidade Ecumênica entre os estudantes. Em É Urgente Reeducar!, ressalto que ela é o berço dos mais generosos valores que nascem da Alma, a morada das emoções e do raciocínio iluminado pela intuição, a ambiência que abrange tudo o que transcende ao campo vulgar da matéria e provém da sensibilidade humana sublimada, a exemplo da Verdade, da Misericórdia, da Moral, da Ética, da Honestidade, do Amor Fraterno.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

quinta-feira, 7 de julho de 2016

O Libertador Divino*1

A extraordinária presença luminosa que resiste à passagem do tempo

Paiva Netto

Existe um Libertador cuja influência transcende limites ou datas humanas: maio ou novembro*²? Sua atuação é constante. Enquanto houver fome, desemprego, falta de teto, menores sem escola e carinho, idosos sem amparo e afeto, gente sem quem a conforte, há uma inadiável emancipação de todas as etnias ainda por fazer.
Consigna a História personagens notáveis, que dignificaram a existência terrestre (...). Entretanto, ao inexorável passar do tempo, da lembrança dos povos vai esmaecendo a fama das realizações de muitos deles, somente restando os seus nomes e uma pálida recordação dos seus feitos.
Um desses vultos históricos de todos os tempos e de todas as nações gloriosamente resiste. Cada vez mais fulgura a presença luminosa. Sua marca indelével firma-se na memória dos homens: “Passará o Céu, passará a Terra, mas as minhas palavras não passarão” (Lucas, 21:33).
Sua vida — infância, juventude, pregação da Boa Nova, padecimentos, morte, ressurreição — não encontra paralelo na Terra: “Vós sois de baixo, Eu sou de cima; vós sois deste mundo, Eu não sou” (João, 8:23).
Depois Dele, a vivência do ser humano nunca mais foi a mesma: “Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá. Aquele que vive e em mim acredita não padecerá eternamente” (João, 11:25 e 26).
Sacudiu as Almas e convocou para Belém a diligência dos poderosos. A Seu respeito profetizou Simeão:“Eis que este Menino está destinado para a ruína e erguimento de muitos, e para alvo de contradições” (Lucas, 2:34).
Desde a infância, manifestou o Seu elevado saber: aos doze anos já pregava aos doutores da lei, revelando o Seu Divino conhecimento. Falava-lhes com avançada sabedoria. Deixava-os atônitos e em demorada reflexão, tamanha a sublimidade das lições que as Suas réplicas encerravam: “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê Naquele que me enviou, já passou da morte para a Vida Eterna” (João, 5:24).
Esse extraordinário Ser que nasceu sob a expectativa dos milênios, para O qual os Anjos da Milícia Celeste entoaram o “Glória a Deus nas Alturas e Paz na Terra aos Homens da Boa Vontade de Deus"*³ (Lucas, 2:14);
— que sacudiu os alicerces da sociedade: “Não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mateus, 24:2);
— que admoestou os desatentos: “Assim como o relâmpago sai do Oriente e se mostra no Ocidente, será a Volta do Filho de Deus” (Mateus, 24:27);
— que advertiu os ociosos: “O Cristo voltará na resplandecência divina, com os Seus Anjos, e então retribuirá a cada um segundo as suas obras” (Mateus, 16: 27);
— que fez estremecer os soberbos e desfrutáveis: “Ai de vós, porque, se hoje rides, amanhã lamentareis e chorareis” (Lucas, 6:25);
— que enfrentou os pretensiosos e arrogantes do mundo: “Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entrarão primeiro que vós no Reino de Deus” (Mateus, 21:31);
— mas que convocou à responsabilidade os gozadores infrenes: “Assim como foi na época de Noé, será a Vinda do Filho de Deus. Nos dias anteriores ao dilúvio, comiam e bebiam, casavam-se e davam-se em casamento, até que ele entrou na arca, e não o perceberam, senão quando veio a inundação, e os levou a todos. Da mesma forma, ocorrerá a Volta do Filho de Deus. (...) Ficai, por consequência, atentos! Vigiai e orai, porque não sabeis quando será o dia ou a hora” (Mateus, 24:37, 39 e 44), e Marcos, 13:32 e 33);
— que instruiu os sábios e entendidos do mundo: “O meu ensino não me pertence, e sim Àquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se Eu falo por mim mesmo. Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria grandeza; mas o que busca a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro e nele não há injustiça” (João, 7:16 a 18);
— e que ensinou aos apóstolos e discípulos aquilo que constitui o grande anseio dos filósofos, e que não pôde revelar a Pilatos, pois este não o entenderia: “Santifica-os, Pai, na Verdade, a Tua Palavra é a Verdade” (João, 17:17);
— que confortou os desesperados: “Vinde a mim todos vós que estais exaustos e oprimidos, e Eu vos aliviarei” (Mateus, 11:28);
— que mostrou o caminho da verdadeira libertação: “Conhecereis a Verdade (de Deus), e a Verdade (de Deus) vos libertará” (João, 8:32);
— que se eternizou na História, porque fez morada nos corações oprimidos pela ameaçadora paz dos homens, os quais, por isso, anseiam por aquela que provém de Deus; portanto, a que o mundo não tem para lhes oferecer (João, 14:27);
— que disse ainda, em memória do Profeta Oséias (6:6): “Misericórdia quero, não holocausto” (Mateus, 9:13); pois sem misericórdia não há Paz;
— e que doou a Sua vida por nós, indistintamente, pois Ele próprio aconselhou: “Se fizerdes bem apenas àqueles que vos beneficiam, que divina recompensa havereis de merecer?” (Lucas, 6:33).
Quereis saber o Seu nome? Jesus!, o Cristo Ecumênicoo Divino Estadista, ipso facto, sem resquícios de intolerância, porquanto Ele, para a redenção nossa, é Amor elevado à enésima potência!
“A Claridade perene, que vinda ao mundo, ilumina todo homem” (João, 1:9).

Libertar-se é ter, acima de tudo, discernimento espiritual
(...) A verdadeira alforria do Espírito Imortal do ser humano será aquela fortalecida pela cultura do respeito mútuo, cuja riqueza consiste na multiplicidade de ideias em favor da Paz entre todos. Igualmente virá pela Instrução e pela Educação, iluminadas pelo sentido da Espiritualidade, que é Amor e Justiça, Ciência e Amor, para todas as etnias. Libertar-se é ter, acima de tudo, discernimento espiritual, de preferência em consonância com esta instigante sugestão do Sublime Reformador: “Buscai primeiramente o Reino de Deus e Sua Justiça, e todas as coisas materiais vos serão acrescentadas” (Mateus, 6:33).
Porquanto, de uma maneira ou de outra, todos reconhecem Nele personalidade ímpar. A Sua passagem pelo planeta tem afastado da soberba o sentimento de multidões inumeráveis: “Quem quiser tornar-se grande entre vós, seja esse o que vos sirva; e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja esse servo de todos”*4 (Marcos, 10:43 e 44). “Aquele que estiver sem pecado, atire a primeira pedra” (João, 8:7).
Ora, quem não erra neste mundo?!...
Jesus projetou-se na História para ensinar-nos, com o Seu próprio exemplo, um roteiro ideal para a Paz:“Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos” (João, 13:34 e 35).

Mensagem aos crentes e ateus
A mensagem desse Excelso Benfeitor sobrepaira além de religiões, ideologias, etnias. Fala às Almas de crentes e ateus e nada tem a ver com os excessos de diferentes gerações que se martirizaram pelos séculos. Os seres humanos deveriam ecumenicamente estudá-la, esmiuçando o Seu pensamento ético, social, econômico, filosófico, político e religioso, singularizado no gesto de socorrer, na angústia e no desespero, as viúvas e os órfãos, os sedentos e os famintos, os nus, os enfermos e os presos, de corpo e de Alma (Mateus, 25:34 a 40).
A nossa homenagem, pois ao Libertador Divino, que, primeiro, nos alforria de nós mesmos, indicando-nos o caminho da Luz Celeste. A essência do Seu Evangelho, a Solidariedade, emancipa as criaturas de todas as origens, visto que as transforma de dentro para fora: “Já não mais vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto aprendi com meu Pai vos tenho dado a conhecer” (João, 15:15).

A Essência da Fraternidade
Que a noção de Sua elevada sapiência possa levar-nos a melhor compreendê-Lo, para melhor senti-Lo no Seu ingente esforço pelo congraçamento dos povos, de modo que venha a acontecer, na essência da Fraternidade Ecumênica, “um só Rebanho para um só Pastor” (João, 10:16), que é Deus, ou, para os que Nele não acreditam, a aspiração mais exalçada de que tanto carecemos, para que haja a continuidade da vida no planeta que nos acolhe. É a harmonia de gente amadurecida, formada por negros, brancos, amarelos, mestiços, enfim, seres humanos e Espirituais, porquanto só existe uma raça, a Raça Universal dos Filhos de Deus. Afinal, desde a monera, quem não é miscigenado neste mundo?
Eis a mais inadiável Caridade que Ele nos oferece nesta época de tanto egoísmo: para libertarmo-nos, precisamos libertar; para salvarmo-nos, necessitamos salvar. É a Lei da Reciprocidade [de que também falavaConfúcio (551-479 a.C.).
Afirmou Jesus: “Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas” (Mateus, 7:12).

“Vós sois o sal da terra”
Disse ainda o Cristo: “Vós sois o sal da terra; ora, se o sal tornar-se insípido, como lhe restaurar o sabor? Para nada mais presta senão para ser lançado fora e pisado pelos homens.
“Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, de forma que ilumine a todos os que se encontram na casa.
“Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus” (Mateus, 5:13 a 16).
Quando a moda para alguns é aumentar o fosso entre as criaturas, o ato de promover as qualidades de Espírito, não permitindo que o “sal da terra” — que é a palavra de Paz de Nosso Senhor Jesus Cristo — se torne insípido, é também medida de salvação geral. Porque, se não mais existem fronteiras para o “capital soberano”, do mesmo modo as barreiras que impedem o avanço das consequências da miséria em que vivem populações incontáveis, pelos territórios da abastança, tombarão. Ressaltar, portanto, o lado apreciável de cada um e fazê-lo instrumento poderoso de transformação, incluída a econômica, tornou-se estratégia que exige não somente talento, contudo habilidade, energia e determinação para executá-la. Eis por que igualmente aconselhou o Cristo: “Sede simples como as pombas, mas prudentes como as serpentes. (...) Aquele, porém, que perseverar até o fim será salvo” (Mateus, 10:16 e 22).
Faz-se, todavia, necessário concluir que trilhar a estrada da espiritualização não significa ser tolo ou covarde, como corajosos foram e são muitos batalhadores dos diversos segmentos da sociedade. A todos, o nosso cumprimento. “Na vossa perseverança, salvareis as vossas Almas” (Lucas, 21:19).
E, como diz o Apocalipse, 21:5 a 7 e 22:21: “Então Aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas. E acrescentou: Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras.
“Disse-me ainda: Tudo está feito. Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim. Eu, a quem tem sede, darei de graça a beber da fonte da água da Vida Eterna.
“O vencedor herdará estas coisas, e Eu lhe serei Deus e ele me será filho. (...)
“A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós para todo o sempre. Amém”.

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*¹ Texto originário de artigo publicado pelo autor na imprensa, na década de 1980.
*² Paiva Netto refere-se a comemorações da História brasileira: maio, 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assina a Lei Áurea, que promulgou a Abolição da Escravatura no Brasil; novembro, referência a Zumbi (sobrinho do rei Ganga Zumba), herói do Quilombo dos Palmares, no século 17. Depois de resistir a várias invasões, traído, foi cercado pelas tropas invasoras do mercenário Domingos Jorge Velho, a quem derrotara outras vezes, e morto.
*³ Tradução do Padre Matos Soares, edição de 1954 — Tip. Sociedade de Papelaria — Porto
*4 Certamente inspirado na palavra de Jesus, constante do Evangelho, segundo Marcos, 10:43 e 44, o filósofo e sociólogo italiano Pietro Ubaldi (1886-1972), em A Grande Síntese, escreveu: “O comando supremo é simplesmente a suprema obediência”.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.