quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Spinoza, Lao-tsé e natureza divina da matéria

 

Paiva Netto


Na minha página “Ciência e Fé na trilha do equilíbrio”, explanei sobre Baruch Spinoza (1632-1677), autor de amplos sistemas metafísicos que influenciaram e influenciam grandes pensadores. “Ignoro por que a matéria deva ser indigna da natureza divina, já que fora de Deus não pode existir nenhuma substância dotada de natureza divina... Por isso, de forma alguma se pode asseverar que... a substância extensa... é indigna da natureza divina, desde que eterna e infinita”, destacou o famoso filósofo.
Em 29 de abril de 1993, em minha coluna no Correio Braziliense, escrevi que, durante muito tempo, a matéria foi considerada obstáculo ao Espírito. Contudo, agora deixará de ser, à medida que percebermos e respeitarmos sua função superior. (...)
O malefício não se encontra na matéria, ou no que dela restou depois da reforma da Ciência Física instituída por Einstein (1879-1955), mas no uso que dela fizermos.

 

Planeta de aparências

O grande mal, que ainda dificulta aos cérebros excessivamente céticos vislumbrar horizontes na esfera do Espírito, é querer apenas aceitar os fatos do ponto de vista físico absoluto. Esquecem-se de que o “Tudo”, na verdade, está submetido à ação de Sublimes Poderes, que nos colocam em postura distinta da que têm como probabilidade legítima, visto que esta perspectiva, no entanto, não passa de enorme delírio. O que se compreende como inexistente é o real. Não assusta mais a descoberta, na Mecânica Quântica, de que o “vazio” é realidade. A Ciência de ponta já definira o átomo como, sobretudo, vazio. Mas o que é em suma o vazio? A respeito do assunto, comenta o físico Juliano Carvalho Bento, que me honra com a sua leitura e audição: “A Ciência hoje prova que podemos observar no ‘nada’ físico, ou seja, no vácuo absoluto (que por si só já não é possível detectar na Natureza por somente existir em condições ideais) a existência de um resíduo de energia que, pela física clássica, não pode ocorrer. Isso só foi possível verificar com o advento da Mecânica Quântica, pois, se esse vácuo total existisse, estaria contrariando o Princípio da Incerteza de Heisenberg, que evidencia que deve existir uma energia mínima, por conta desse postulado físico, base da Teoria Quântica. Uma comprovação para isso se deu com o chamado efeito Casimir, no qual se detectou que duas placas metálicas paralelas neutras no vácuo se atraem pelo fato de surgir uma força proveniente desta energia do vácuo. O suposto ‘nada’ esconde muita coisa. Como assegura Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, em Seu Evangelho, segundo Mateus, 10:26: ‘(...) nada há encoberto, que não venha a ser revelado; nem oculto, que não venha a ser conhecido’”.

 

Atuação do visível no invisível

No Tao Te Ching, também chamado de O Livro do Caminho e da sua Virtude, o filósofo chinês Lao-tsé (570-490 a.C.) ensinou: “Trinta raios convergentes no centro,/ Tem uma roda,/ Mas somente os vácuos entre os raios/ É que facultam seu movimento./ O oleiro faz um vaso, manipulando a argila,/ Mas é o oco do vaso que lhe dá utilidade./ Paredes são massas com portas e janelas,/ Mas somente o vácuo entre as massas/ Lhes dá utilidade –/ Assim são as coisas físicas,/ Que parecem ser o principal,/ Mas o seu valor está no metafísico”.
O tema é realmente instigante e nos leva a exalçadas reflexões sobre a existência humana e o papel que desempenhamos na contextura do Universo. Voltarei ao assunto.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com 

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Muro de Berlim e as fronteiras vibracionais

Quem poderia conceber que aquele portentoso paredão, que muito mais que concreto era ideológico, tombaria? Mas caiu!

Paiva Netto


Após a inauguração do Templo da Boa Vontade, em Brasília/DF, Brasil, em 21/10/1989, testemunhamos, pela TV, em 9 de novembro, na Alemanha, a queda do Muro de Berlim. Esses dois acontecimentos, que completaram 27 anos, trazem em similitude a vitória da liberdade. A ignorância, porém, persiste, em várias regiões do mundo, em desejar tolher o direito inerente à criatura humana de poder exprimir, com equilíbrio, as suas convicções políticas, científicas, artísticas, filosóficas, religiosas, esportivas, e assim por diante, na busca de um mundo melhor.
Quem poderia conceber que aquele portentoso paredão, que muito mais que concreto era ideológico, tombaria? Mas caiu! Da mesma forma, as fronteiras vibracionais entre esta e outras dimensões também virão abaixo, mais cedo ou mais tarde.

Universo Invisível
Em 1981, durante a conferência “A Decodificação do Pai-Nosso”, que realizei, de improviso, em Porto Alegre/RS, Brasil, no Ginásio de Esportes do Colégio Protásio Alves, convidei o povo simples que me honrava com sua atenção a desenvolver este raciocínio:
A Ciência humana, a despeito dos respeitáveis esforços de tantos abnegados idealistas, encontra-se no início de sua brilhante trajetória, apesar do extraordinário progresso a que nos tem conduzido. Vejamos o justificado deslumbramento de suas mais importantes figuras ante a restrita parcela do Cosmos que se vê. Mas e diante da imensidade que não se enxerga, que não se descobriu ainda?... Não aludimos apenas ao Universo físico, com suas galáxias, que é algo realmente de assombrar: só a Via Láctea, da qual fazemos parte, abarca bilhões de estrelas... É incrível a sua abrangência!... E os mais poderosos telescópios e radiotelescópios alcançam a mínima parte deste Universo físico. Os seres humanos, e mesmo os invisíveis de razoável grandeza espiritual, pois essas são muitas no “Outro Lado” da Vida, acabam também fascinados, e com muita razão... Entretanto, e a amplitude que até agora não perlustramos? Aqui está a filigrana: quando arguimos pelo que falta desbravar, não estamos unicamente a nos referir à composição material dos corpos celestes que vagam pelo espaço: essa enormidade que os maiores cientistas não puderam até o presente momento pesquisar nem sequer ver de todo.
Falamos também do Universo Invisível, ultradimensional, onde as Almas residem, que, no estágio evolutivo da civilização contemporânea, não pôde, até agora, ser devidamente percebido pelos olhos somáticos nem acreditado pela Ciência terrestre, em boa parte. E o mais surpreendente: nem por alguns religiosos que pregam a Vida Eterna. Todavia, quando diversos pioneiros começam a analisar e estudar as possíveis dimensões em que habitam os Espíritos, há quem procure depreciar sua labuta. Na verdade, temem avançar na direção descortinada pelos precursores. De certa forma, é como na fábula de Esopo (aprox. 620-564 a.C.): Vulpes et uva (A raposa e as uvas). Na famosa história, uma raposa, não podendo alcançar as almejadas uvas, que se encontravam num galho alto, acusa-as de estarem verdes, embora estivessem maduras.
O filósofo e sociólogo inglês Herbert Spencer (1820-1903) acertou quando definiu que há um princípio utilizado como uma barreira contra qualquer informação, semelhante à prova oposta a todo tipo de argumento. Esse preceito jamais pode falhar, de modo a manter a Humanidade numa ignorância contínua e perpétua. Trata-se de condenar antes de investigar.
A Ciência tradicional deverá preparar-se para absorver os muitos dados novos coligidos pela Ciência de ponta. Entretanto, terá de incluir nas novidades o reconhecimento do Mundo Espiritual, não como resultado de químicas cerebrais que excitariam a mente humana na região do ilusório, pois esta conclusão é muito cômoda, sobretudo ante a realidade pluridimensional, onde existe o prolongamento da vida consciente e ativa do ser, nas esferas ainda imperceptíveis ao sentido visório.
Ainda em 1981, popularmente discorri sobre essa questão das dimensões materiais do Universo, tendo em vista ensinamentos do Evangelho e do Apocalipse de Jesus: em geral, cogita-se de grandeza, dimensão, distâncias físicas... Contudo, os limites do Universo podem igualmente ser vibracionais... O ser humano falece, o corpo fica... O Espírito (ou como o queiram chamar), que não pode ser reduzido ao restrito território da mente, migra para outro Universo ou outros universos, que ainda não se veem... A Ciência, em seus elevados termos, a posteriori comprova o que a Religião, de maneira intuitiva, bem antes percebera. A primeira conceitua; a segunda ilumina, quando realmente Religião e nunca reserva de tabus e preconceitos. No entanto, a Intuição, conforme afirmamos, é sempre mais rápida. É a Inteligência de Deus em nós.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

A Fé é a sabedoria que vem de Deus

 

Paiva Netto


Todos sofrem, desde a mais simples das criaturas à maior autoridade de um país. Portanto, sempre chega um momento em que procuram solução mais elevada para a própria dor. Afinal, os problemas pessoais afligem a Alma e atormentam, por exemplo, o campo das atividades sociais e políticas. E é então que oram, mesmo que não saibam como. Por conseguinte, se cultivarem a Humildade — que é também sinônimo de Deus — buscando o amadurecimento, poderão entrar em sintonia com seus Anjos Guardiães, que, no Mundo Superior, participam da Revolução Social dos Espíritos de Luz. Trata-se de um extraordinário acontecimento que a Humanidade ainda não percebeu de todo. O Plano Espiritual existe sem pedir licença aos poderosos da Terra.
O saudoso jornalista, radialista, escritor e poeta Alziro Zarur (1914-1979) ensinava que “o segredo do governo dos povos é unir a Humanidade da Terra à Humanidade do Céu”. O meio: Fé Realizante (que se opõe à ociosa) e Boas Obras. É como aliar Paulo e Tiago.
A Fé é um atributo da inteligência iluminada, assim como a Oração o é da Alma. A união das duas, permeadas pela vigilância, isto é, o trabalho, eleva-nos à lucidez de Espírito. Eis por que, no campo das realizações humanas e sociais, é preciso que a Fé permaneça unida às Boas Obras, por ela divinamente inspiradas, para que possamos erigir uma sociedade em definitivo ecumênica, portanto solidária, altruística.
É o que ensina o Divino Mestre, quando nos manda amarmo-nos uns aos outros como Ele nos tem amado, única forma de podermos ser reconhecidos como Seus discípulos (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35). Por isso, um bom político (mesmo sendo ateu, agnóstico ou adepto de outra venerável crença que não esteja relacionada como cristã) não deve furtar-se de estudar, pelo prisma do Amor Fraternal, o Evangelho do Cristo, que é um notável código de ética para o homem público.
A Fé é a sabedoria que vem de Deus; as Boas Obras, a sua prática.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

O Ecumenismo que pregamos

Paiva Netto


Em 16 de novembro, comemoramos o Dia Internacional da Tolerância. Por oportuno, apresento a vocês, prezadas Irmãs e Irmãos leitores, extrato de meu livro Jesus, a Dor e a origem de Sua Autoridade, no qual, me dirigindo à Mocidade Legionária, falei nestes termos:
O Ecumenismo que pregamos é o dos corações fraternos, iluminados, desejosos de trabalhar “por um Brasil melhor e por uma Humanidade mais feliz”.
Já lhes expliquei que, em meus escritos, emprego o termo ecumênico (vem do grego oikoumenikós) no seu sentido etimológico: “toda a Terra habitada” e “de escopo ou aplicabilidade mundial; universal”. Portanto, a missão de Vocês, ó Militantes Ecumênicos da Boa Vontade, é propagar a Política de Deus a todos os cantos. Ela é para o ser humano, mas, antes de tudo, para o seu Espírito Eterno. Fraternalmente renovado o indivíduo, a partir da Alma, transformada estará a Humanidade. É papel das novas gerações levar adiante a Ciência de Deus; entronizar a Economia de Deus; mostrar a verdadeira função pacificadora do Esporte; apresentar a Arte com o seu extraordinário ofício de caminhar à frente de importantes modificações; iluminar as consciências com a Cultura, que não é aquela apenas nascida da mente, contudo a fortalecida pelo sentimento, beneficiado pela Generosidade de Deus.
Vocês, Jovens de todas as idades, da Terra e do Céu da Terra, estão, de forma integral, capacitados para realizar a grande reforma que, consciente ou inconscientemente, é esperada desde que o mundo é mundo. Necessário se faz ter Jesus Dessectarizado como objetivo e compreender, em profundidade, o Seu desejo mais íntimo: o milagre pelo qual assimilemos o “amai-vos como Eu vos amei” (Evangelho, segundo João, 13:34). Servir a Jesus não é sacrifício. É privilégio!


José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
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segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Templo da Paz no Novembro Azul

 

Paiva Netto


Em novembro, as sete faces do Templo da Boa Vontade (TBV), em Brasília/DF, estarão iluminadas de azul, em apoio às campanhas que alertam os homens para a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata e o povo em geral para os cuidados necessários na prevenção do diabetes.
Em 14 e 17 deste mês, foram instituídos, respectivamente, os dias mundiais do Diabetes e de Combate ao Câncer de Próstata. Duas enfermidades que atingiram dados alarmantes.
O dr. Aguinaldo Nardi, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), estima que “um a cada seis homens terá câncer de próstata e um a cada 36 morrerá da doença”. E a International Diabetes Federation, em 2012, já falava em 371 milhões de pessoas com diabetes no planeta. Portanto, para multiplicar as ações de esclarecimento, juntamo-nos a essa rede de solidariedade, cujo nobre objetivo visa à melhoria da saúde dos cidadãos. O TBV e a Super Rede Boa Vontade de Comunicação (rádio, TV, imprensa e internet) encontram-se em campo.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Tributo a Villa-Lobos

Paiva Netto


Em 17 de novembro de 1959, o célebre compositor Heitor Villa-Lobos voltou à Pátria Espiritual. Autor de cerca de 1.000 composições, é considerado o maior expoente da reformulação do conceito do nacionalismo musical brasileiro. 
Ainda menino, fascinou-se pela obra do compositor alemão Johann Sebastian Bach (1685-1750), influência marcante que, anos mais tarde, resultaria nas extraordinárias Bachianas Brasileiras. Entre outras importantes peças melódicas de Villa-Lobos temos: “O Uirapuru”, “O Canto do Cisne Negro”, “A Prole do Bebê” e os “Choros”, para os quais foi buscar inspiração entre os compositores boêmios do Rio de Janeiro. 
No centenário de seu nascimento, comemorado em 5 de março de 1987, prestei, na minha antiga coluna na Folha de S.Paulo, um justo tributo a esse ícone da brasilidade musical, demonstrando, do mesmo modo, os fraternos laços que unem Villa-Lobos à LBV, do qual separei estes trechos: 
A Legião da Boa Vontade (LBV) sempre prestigiou a cultura. Está nos seus estatutos. Além de ser filantrópica, é igualmente cultural e educacional. Claro está que filantropia, para nós, não é meter o pão pela boca do necessitado para calar temporariamente o grito da fome. Não. É mais que isso. Filantropia significa Amor à Humanidade. Costumo dizer que assistência social é, acima de tudo, Amor.
No seu trabalho em prol da cultura, a LBV teria de participar das comemorações dos 100 anos de Villa-Lobos. Algumas das músicas tocadas no Programa Boa Vontade — PBV, no rádio e na televisão, são de sua autoria. Nossa homenagem é constante. Eu mesmo sou um fã do Villa.
Recordo-me dele com saudade. Também de Dona Mindinha, sua querida esposa, na Pátria Espiritual desde 1985. Era muito amiga nossa. Conhecia profundamente a LBV. Revelou certa vez que, com o saudoso Villa, escutava Jesus Está Chamando!, famoso programa de Alziro Zarur (1914-1979), que tanta polêmica ergueu no Brasil. Mas criou um caminho democrático para todos os pregadores. Zarur foi um pioneiro na luta pela liberdade religiosa em nosso país. O povo que faça a sua escolha devocional. Em entrevista a um periódico do Rio, contou Dona Mindinha: “(...) Comecei a ouvir Zarur quando ele estava na Rádio Mundial. O próprio Villa, muitas vezes, o ouvia falar. (...) Se fosse vivo, certamente poderia expressar-se melhor, com prazer maior e mais ênfase. Porque meu marido também se prendeu ao programa de Zarur. (...) Presto, aqui, a minha homenagem sincera ao criador da Legião da Boa Vontade”.
Em 1984, vigésimo quinto aniversário do seu falecimento, a Mocidade Legionária escreveu:
“Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro, a 5 de março de 1887. Compositor, violoncelista, maestro e professor. (...) Em sua música, que é tão exuberante, pitoresca e confiante, como ele mesmo, tudo se conjuga em novos caminhos para a Humanidade (...). Sua técnica oscila entre as peças de harmonia singela, como sua música para crianças, até as de complexidade extrema, como o Rudepoema e a maior parte dos Choros, composições de excepcional significado no panorama musical contemporâneo. As nove Bachianas Brasileiras, escritas no período de 1930-45, traduzem sua devoção pela música de Bach. A obra ciclópica desse ilustre compositor nacionalista abrange, além das já citadas, sinfonias, poemas sinfônicos, suítes, quartetos de cordas, oratórios, peças para piano, concertos, óperas, vocais etc.
“(...) Villa-Lobos dirigiu orquestras na França, Alemanha, Itália, Estados Unidos... Recebeu inúmeras honrarias. (...) Fundou, em 1945, a Academia Brasileira de Música. (...) O governo brasileiro criou, em 1960, no Ministério da Educação e Cultura, o Museu Villa-Lobos. (...) Seu vanguardismo pode ser definido por esta sua frase: ‘Escrevo música como se fossem cartas para a posteridade, sem esperar resposta’.
“A violinista Arminda D’Al­meida (Mindinha), sua segunda esposa, a quem dedicou várias melodias, organizou e dirige o Museu Villa-Lobos.
“Aos 25 anos de sua morte, o Museu Villa-Lobos prepara uma série de homenagens. E o diretor-presidente da LBV foi presenteado por Dona Mindinha com uma apostila do evento com graciosa dedicatória: ‘Ao ilustre amigo, Dr. José de Paiva Netto, o presidente que vem honrando a Legião da Boa Vontade em substituição ao enorme benfeitor que foi Alziro Zarur. Cordialmente, a sempre Mindinha de Villa-Lobos’”.

* * *

Com Amor para a Eternidade

Afinal, o que é feito com Amor tem o selo das coisas perenes. E foi com essa qualidade sublime que Villa-Lobos definiu, em João Pessoa, Paraíba, em 1951, como surgiam as suas composições: “A minha música é o reflexo da sinceridade (...), a arte que vem do coração para um coração”.
E mais: “O Brasil tem forma geográfica de um coração. Todo brasileiro tem este coração. A música vai de uma Alma a outra. Os pássaros conversam pela música. Eles têm coração. Tudo que se sente na vida se sente no coração. O coração é o metrônomo da vida, e há muita gente na Humanidade que se esquece disso. Justamente, o que mais precisa a Humanidade é de um metrônomo. Se houvesse alguém no mundo que pudesse colocar um metrônomo no cimo da Terra, talvez estivéssemos mais próximos da Paz. Por que se desentendem, vivem descompassados raças e povos? Porque não se lembram do metrônomo que guardam no peito, o coração.
“Foi fadado por Deus, justamente o Brasil possuir uma forma geométrica de coração, e haver um ritmo palpitante em toda a sua raça, sobretudo no Nordeste, este sentido de ritmo, de coração, essa unidade de movimento, esse metrônomo tão sensível.
“Meus amigos, foi com esse pensamento que eu me tornei músico. Foi por isso que eu me tornei um escravo profundo e eterno da vida do Brasil, das coisas do Brasil. E, como não tenho o dom da palavra nem da pena, mas tive o dom do som e do ritmo, transponho em sons e ritmos essa loucura de amor por uma pátria. Eis a minha apresentação. Eis o que é, em princípio, a justificação do que tenho feito pelo Brasil até a idade que tenho hoje. Peço perdão a todos de ter que falar um pouco da minha vida em relação a esse Brasil, mas é necessário e possa talvez servir de exemplo aos jovens seguir essa mesma trilha, esse mesmo destino que Deus me deu.
“(...) Eu fui pela música. E, se por acaso o meu exemplo possa servir de alguma coisa a todos os meus patrícios, façam o mesmo. Sejam livres. Lembrem-se do coração. Lembrem-se de que este é que é o metrônomo da realidade. Com ele terão a razão econômica de tudo, das coisas. Terão a medida exata da realidade da própria vida. Lembrem-se de que é a arte que vem do coração para um coração, de uma Alma para outra Alma, e a música é a primeira arte que conduz às outras artes. Eu não digo isto porque sou músico, não. Ela, porém, tem um poder positivo, digamos, um poder biológico.
“Ela é uma terapêutica para a Alma doente. A música é um consolo para o sofredor. A música é um embalo para o pequenino no colo de suas mães, seus pais. A música é o alento do desventurado. A música é a alegria daqueles que são alegres. A religião, qual das religiões que existem sobre a Terra e que não usou da música como elemento de atração aos seus crentes? Essa música que Santo Ambrósio utilizou para formar depois os cânticos litúrgicos definidos. É com essa música, senhores, que precisamos compreender que o Brasil vive, e que ninguém percebe”.
Meus sinceros agradecimentos ao Espírito Imortal do brilhante Villa-Lobos por ter-me inspirado, em 1999, o Oratório O Mistério de Deus Revelado. Os mortos não morrem.

 

Caminho ecumênico saudável

Alziro Zarur (1914-1979), saudoso Fundador da LBV, enfatizava sempre, na mídia, a máxima do precursor da radiodifusão nacional, o médico, antropólogo, poeta e professor Roquette Pinto (1884-1954), lema para a emissora que, no Rio de Janeiro, ele fundou e leva o seu nome: “Para a cultura dos que vivem em nossa terra, pelo progresso do Brasil”.
A cultura é, sem dúvida, o caminho ecumênico saudável para o crescimento da sociedade.

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

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quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Os mortos não morrem

Paiva Netto

A morte é um boato, consequentemente os mortos não morrem, incluídos os Irmãos ateus materialistas. Diminuir a relevância desse fato, que atinge de forma inexorável os seres humanos, seria negar a realidade. Você não é obrigado a acreditar na sobrevivência dos Espíritos, nem que possam dirigir-se às criaturas terrestres, quando por Permissão Divina. Contudo, sua descrença não significa que eles não existam ou estejam condenados à mudez.
Diz Jesus, no Seu Evangelho, segundo Marcos, 12:27: “Deus é Deus de vivos, não de mortos. Como não credes nisso, errais muito”.
Esta afirmação — os mortos não morrem —, que a toda a Humanidade envolve, fiz colocar nos portais da Sala Egípcia do Templo da Boa Vontade (TBV), o monumento mais visitado da capital do Brasil, conforme a Secretaria de Estado de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF).
Guardemos dos que partiram uma lembrança esclarecida, como no conselho de Ralph Chaplin (1887-1961): “Não lamente os mortos... Lamente a multidão, a multidão apática, os covardes e submissos, que veem a grande angústia e as iniquidades do mundo sem se atreverem a falar”.
Os mortos, hoje, somos nós amanhã. Condenando-os ao "desaparecimento", por força de nossa descrença ou medo de enfrentar a Verdade, poderemos "decretar" o mesmo destino para toda a gente, atrasando sua evolução, até que, com maior esforço, se descubra que o grande equívoco da Humanidade é ainda crer que a morte seja o término de tudo.
Razão por que lhes trago, do poeta Alziro Zarur (1914-1979), saudoso Proclamador da Religião de Deus, do Cristo e do Espírito Santo, o ilustrativo e confortador Poema do Imortalista:

“Dois de novembro é um dia, na verdade,
“Rico em lições para quem sabe ver:
“A maior ilusão é a realidade,
“Já ensinava o excelente Paul Gibier.

“Os vivos (pseudovivos) levam flores
“E lágrimas aos mortos (pseudomortos);
“E os mortos se comovem ante as dores
“Dos vivos a trilhar caminhos tortos.

“Legítimos defuntos, na ignorância
“Desses espirituais, magnos assuntos,
“Parece que ‘inda estão em plena infância,
“E vão homenagear falsos defuntos.

“Não é preciso ser muito sagaz
“Para sentir que a vida tem seus portos:
“Um dia, o Cristo disse a um bom rapaz
“‘Que os mortos enterrassem os seus mortos’.

“Amigos, por favor, não suponhais
“Que a morte seja o fim de nossa vida;
“A vida continua, não jungida
“Aos círculos das rotas celestiais.

“Os mortos não estão aí, cativos
“Nos túmulos que tendes ante vós:
“Os finados, agora, são os vivos;
“Finados, mais ou menos, somos nós”.

A morte não interrompe a Vida. Na Terra ou no Céu da Terra, persistimos em trilhar a existência perene. Mas um esclarecimento se faz necessário: essa consciência de Eternidade jamais pode ser vista como justificativa ao suicídio, que é uma ofensa ao Criador e à própria criatura.
Aos que descreem: concedam-se o cientificamente consagrado direito à dúvida. E se a Vida não cessa com a morte, hein?

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

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