Quem faz o pão...
Paiva Netto
A Economia não pode ser o reino do
egoísmo. Ora, ela está aí para beneficiar todos os povos, compartilhando
decentemente os bens da produção planetária. Se isso, porém, não ocorre, é
porque se faz necessária uma mudança espiritual-ética de mentalidade, principalmente
pelo prisma do Novo Mandamento de Jesus, o Cristo Ecumênico, o Divino
Estadista, pois ensina que nos devemos amar como Ele nos tem amado: “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim
podereis ser reconhecidos como meus discípulos, se tiverdes o mesmo Amor uns
pelos outros” (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35). Senão, os predadores
das multidões podem ganhar a batalha, que a eles no devido tempo, da mesma
forma, consumirá. O desprezo às massas populares é multiplicação de
desesperados. Certamente, alguém já concluiu que quem faz o pão deve, de igual
modo, ter direito a ele. Alerto para o fato de que, se o território não é
defendido pelos bons, os maus fazem “justa” a vitória da injustiça.
Haveremos de assistir ao dia em que a Economia terrestre será
bafejada pelo espírito de Caridade,
porque a Luz de Deus avança pelos mais recônditos ou soturnos ambientes do
pensamento e da ação humanos. Portanto, que
os chamados bons se levantem em nome da Paz e espalhem essa Sublime
Claridade para iluminar a escuridão que ainda campeia pelo mundo. Foi o Divino
Mestre quem afirmou: “Assim também brilhe
a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas obras e glorifiquem
vosso Pai que está nos Céus” (Evangelho, segundo Mateus, 5:16).
Desumanidade gera desumanidade — No meu estudo Cidadania do Espírito (2001), afirmo que
desumanidade gera desumanidade. Aí está, em resumo, a explicação do estado
atual nas diversas regiões do planeta. Porém, com a riqueza de nosso Espírito,
podemos edificar um amanhã mais apreciável. Entretanto, nenhuma reforma será
duradoura se não houver o sentido de Caridade, o respeito ao ser humano e o bom comando das gentes atuando no
coração.
Caridade é a comprovação do supremo poder da Alma ao construir épocas melhores de vida material e espiritual
para os países e seus povos, os Cidadãos
do Espírito. Resta às criaturas aprender em definitivo a enxergar essa
realidade e a desenvolver a compaixão, aliada à Justiça. Desse modo, com o
passar das eras, o mundo abandonará a doença que, pelos milênios, lhe tem feito
tanto mal: a pouca atenção que dá à força do Amor Fraterno, “princípio básico do ser, fator gerador de
vida, que está em toda parte e é tudo”.
Sobre o sublime ato de se doar ao
próximo e suas consequências sociais, assim se manifestou o pensador político
francês Alexis de Tocqueville
(1805-1859), autor de A Democracia na
América: “A caridade individual se
dedica às maiores misérias, procura o infortúnio sem publicidade e, de maneira
silenciosa e espontânea, repara os males. Ela se faz presente onde quer que
haja um infeliz a ser resgatado e cresce junto com o sofrimento. (...) Pode
produzir somente resultados benéficos. (...) Alivia muitas misérias, sem
produzir nenhuma.
Identificação no Bem de norte a sul, de leste a oeste — Enquanto os governos não chegam às “soluções definitivas”
para a miséria, que cada criatura, por iniciativa pessoal ou em comunidades, faça mais do que puder — e não o deixe
de realizar — pelo semelhante, pondo em ação o poderoso espírito associativo de
Caridade, tão apregoado e vivido por Jesus,
Muhammad, Moisés, Buda, Onisaburo, Confúcio, Gandhi e
outros luminares da História não somente do campo religioso.
José de Paiva Netto, jornalista,
radialista e escritor.
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