Hiroshima
Paiva Netto
Em
6 de agosto de 2019, precisamente às 8h15, completam-se 74 anos do lançamento
da bomba atômica sobre Hiroshima, depois foi a vez de Nagasaki, também no
Japão. Data que jamais será varrida das consciências sob risco de que — esquecidos
desse abominável atentado à vida humana — o repitamos num grau de intensidade
ainda maior, devastando não apenas uma cidade, mas o próprio planeta.
Um pouco de história
Agosto
de 1945. Na Europa, Hitler (1889-1945)
se encontrava derrotado e morto. Berlim, destruída e ocupada pelos russos. Em
25 de julho, dias antes do impacto de “Little Boy” — apelido do petardo de
cinco toneladas que matou cerca de 100 mil pessoas em solo japonês —, o
presidente norte-americano, Harry
Truman (1884-1972), decide usar contra o naquele tempo inimigo
asiático o que ele mesmo designou em seu diário como “a coisa mais terrível já descoberta”.
Paul Tibbets (1915-2007) foi o piloto da marinha escolhido para
comandar o B-29 que decolou da ilha de Tinian. O avião, batizado com o nome de
sua mãe, Enola Gay, levantou
voo às 2h45min. Ao seu lado, na missão que entraria para a história e mudaria a
geopolítica do século 20, estava o copiloto Robert Lewis, autor da famosa exclamação: “Meu Deus, o que fizemos!”
Décadas
se foram. Todavia, o relato de muitos sobreviventes a respeito do sofrimento
atroz por que passaram é, sem dúvida, uma das mais importantes bandeiras na
luta pelo desarmamento e pela não proliferação de armas nucleares.
“O
perigo é real”
Contudo,
acontecimentos diversos continuam sugerindo que a possibilidade de uma Terceira
Guerra Mundial não é ilusória. A humanidade corteja a morte. Basta lembrar os
maus-tratos que promove contra sua própria moradia. A paz quase que não tem
passado de figura de retórica. Em grande parte da trajetória humana, o período
em que ela prevaleceu é ínfimo. Se é que já houve verdadeira paz neste mundo...
Somente na Alma de alguns bem-aventurados é que tem conseguido habitar. Por
isso, com certeza, advertiu o papa João
Paulo II (1920-2005), numa memorável alocução, na década de 1980,
que “o perigo é real”.
A
concórdia entre religiosos é a primeira a ser conquistada. A paz de consciência
dos seres terrenos, gerada por uma nova postura ecumênica, porquanto altamente
fraterna, prenuncia a paz social, a paz entre as instituições e a desejada paz
mundial, sob a proteção do Pai Celeste, o maior diplomata da história deste
orbe, não obstante nosso recorrente mau uso do livre-arbítrio. Para os que riem
dessa realidade, uma pequena recordação do cético Voltaire (1694-1778): “Se
Deus não existisse, precisaria ser inventado”.
John Kennedy e a Paz
Muitas
nações não estão diretamente envolvidas nos conflitos armados que nos flagelam,
porém todas sofrem a opressão do medo ou da miséria, pela violência dos armamentos
novos ou pelo desvio global de verba para a indústria da morte. Tudo isso em
prejuízo da justa economia que gera espiritualização, educação, instrução,
segurança, alimentação e saúde dos povos. Portanto, a guerra nos ofende a todos
nestes tempos de comunicação rápida e de temporais de informações, que ameaçam,
com seus raios e trovoadas, dar curto-circuito nos cérebros. Daí a inclusão que
faço, neste bate-papo com vocês, do pensamento de John Kennedy (1917-1963): “Só as armas não bastam para guardar a paz. Ela deve ser protegida
pelos homens (...). A mera ausência de guerra não é paz”.
A
Terra só descobrirá a Paz quando viver o Amor espiritual e souber reconhecer a
Verdade Divina. No entanto, a Divina Verdade de um Deus que é Amor. Não a de um
ser brutal e vingativo, inventado pelos desatinos humanos.
De
fato, o perigo continua real. E nós, como tontos, no meio dele, nessa “briga de
foice no escuro”. “Quousque
tandem, Catilina?”
É
essencial salientar as propostas e ações de autêntico entendimento. Conflitante
rota para os povos será a do remédio amargo.
Por
isso mesmo, não percamos a esperança. Perseveremos trabalhando “por um Brasil melhor e por uma humanidade
mais feliz”. Eis a direção da vitória. E não se trata de argumento
simplório. A vida ensina, mas quantos de nós aprendemos a tempo?
As
soluções dos graves problemas de nossa sociedade passam pela devida valorização
do Capital de Deus, ou seja, o Espírito Eterno do ser humano. Do contrário,
acabaremos por enfrentar um conflito mundial maior que as duas grandes guerras
do século 20 que, numa análise histórica, podem ser classificadas como uma só
dividida em duas partes. Que Deus nos livre da terceira!
José de Paiva
Netto, jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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