Reflexão de Boa Vontade
Urge impedir o desperdício. É providência sensata, humanitária,
em todas as áreas e das mais diferentes classes sociais. É um crime, por
exemplo, deixar estragar alimentos, quando milhões de pessoas ainda passam
fome.
O dr. Alan Bojanic chamou
a atenção para esse fato em entrevista ao programa Biosfera, da Boa Vontade TV (Oi TV
— Canal 212 — e Net Brasil/Claro TV — Canais 196 e
696). Engenheiro agrônomo boliviano, ele é representante da FAO no Brasil:
“A FAO fez um
estudo amplo para ver a porcentagem de perdas de alimentos no mundo. Temos uma
cifra que é muito — vamos dizer — dolorosa! Depois que o produto é coletado,
até chegar ao consumidor, e mesmo na casa dos consumidores, temos perdas muito
altas. É quase um terço de toda a produção mundial que vai — se pode dizer —
para o lixo. Uma produção muito importante, que tem implicações de todo tipo,
em primeiro lugar, humanitárias, porque é comida que poderia ser dada para
muitas pessoas carentes. É um absurdo ambiental, pois muita energia foi gasta
na produção. E também tem a ver com a ineficiência econômica. Então, é um
absurdo humanitário, ambiental e econômico-financeiro”.
Em O Capital de Deus,
livro que estou preparando, comento uma passagem evangélica, que nos traz
instrutiva lição.
Conhecedor dos Soberanos Estatutos da Economia de Deus, ainda
ignorados pelos seres humanos, Jesus,
o Cristo Ecumênico, o Divino Estadista, pôde realizar o milagre da
multiplicação de peixes e pães, conforme o relato de Mateus, 14:13 a 21.
A primeira multiplicação
de pães e peixes
“13 Jesus, ouvindo que João Batista fora decapitado por
ordem de Herodes, retirou-se
dali num barco, para um lugar deserto, à parte. Sabendo disso, as massas
populares vieram das cidades, seguindo-O por terra.
“14
Desembarcando, Ele viu uma grande multidão. Compadeceu-se dela e curou os seus
enfermos.
“15 Ao cair da
tarde, aproximando-se Dele, os discípulos Lhe disseram: Senhor, o lugar é
deserto, e vai adiantada a hora. Despede, pois, esse povo para que, indo pelas
aldeias, compre para si o que comer.
“16 Jesus,
porém, lhes disse: Não precisam retirar-se; dai-lhes, vós mesmos, o alimento.
“17 Ao que Lhe
responderam: Senhor, não temos aqui senão cinco pães e dois peixinhos!
“18 Então, o Mestre
ordenou-lhes: Trazei-os a mim.
“19 E, tendo
mandado que todos se assentassem sobre a relva, tomando os cinco pães e os dois
peixinhos, erguendo os olhos ao Céu, os abençoou. Depois, havendo partido os
pães, deu-os aos discípulos, e estes, às multidões.
“20 Todos
comeram e se fartaram. E, dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze
cestos repletos.
“21 E os que
comeram foram cerca de cinco mil homens, além de mulheres e crianças”.
Além disso, não nos esqueçamos do que o Divino Benfeitor nos
ensinou a respeito da capacidade pessoal de cada ser humano, ao dizer: “Vós sois deuses. Eu voltarei ao Pai, vós
ficareis aqui na Terra, portanto, podereis fazer muito mais do que Eu” (Evangelho,
segundo João, 10:34 e 14:12).
A quem, talvez por ócio, analisando o trecho anterior,
argumentasse que Jesus é um caso especial e, por isso, não há parâmetros para
se comparar a nossa competência à Dele, divinamente superior. Poderíamos,
contudo, considerar que não seria necessário subirmos a tamanha grandeza,
bastando que os que têm posses deixassem de desperdiçar tanto. Seria um passo.
Sim, mas um passo considerável. Como observou Confúcio (551-479 a.C.): “Transportai um punhado de terra todos os dias e fareis uma montanha”.
Destaquemos que, no versículo 20 do capítulo 14, o Evangelista
Mateus revela: “Todos comeram e se
fartaram. E, dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos repletos”.
Quer dizer, não jogaram fora o que lhes sobejou. As apreciáveis
porções haveriam de, em nova oportunidade, beneficiar aquela gente ou outra.
Costumo dizer que a migalha de hoje é a farta refeição de amanhã. Reflitamos
sobre isso.
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e
escritor.
paivanetto@lbv.org.br – www.boavontade.com
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