Síndrome de Down
Paiva
Netto
Em
2011, a Comissão da Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) adotou, por
consenso, o projeto de resolução apresentado pelo Brasil, intitulado “World
Down Syndrome Day” (Dia Mundial da Síndrome de Down). A ONU endossou a proposta
brasileira e propôs que os estados membros comemorassem a data com a adoção de
medidas para promover maior conhecimento sobre a Síndrome de Down. Desde 2012,
portanto, tem sido celebrada em todo o mundo no dia 21 de março.
A
Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 5% da população de um país em
tempo de paz apresenta algum tipo de deficiência intelectual. No Brasil, isso
corresponde a quase 10 milhões de pessoas. Entre as mais conhecidas está a
síndrome de Down.
Recomendações aos pais e educadores
Em
entrevista ao programa Sociedade
Solidária, da Boa Vontade TV (Oi TV — Canal 212 — e Net Brasil/Claro TV —
Canais 196 e 696), a terapeuta ocupacional Fabiana
Alencar, especialista no assunto, abordou algumas recomendações aos pais e
educadores no trato com crianças com deficiência intelectual.
Por
natureza, a criança com síndrome de Down tem um processo de desenvolvimento
mais lento. Contudo, se houver uma intervenção precoce, com o imprescindível
apoio da família, ela vai longe. “Hoje é
muito comum ver pessoas com síndrome de Down trabalhando e, até mesmo, se
casando”, esclareceu ela.
Porém,
faz uma ressalva: apesar dos avanços, o portador da deficiência necessitará,
durante toda a vida, de alguns cuidados especiais, “até por conta do comprometimento intelectual, da dificuldade em
compreender as regras sociais. Entretanto, é uma pessoa que pode (tendo uma
supervisão) morar numa residência apoiada. É importante trabalhar essas
crianças vislumbrando que, no futuro, elas possam fazer sua própria comida,
cuidar das suas roupas, lidar com dinheiro, mas é preciso ensiná-las e
supervisioná-las sempre”, pontuou a terapeuta.
É
notório o amadurecimento da sociedade com relação aos direitos e ao
desenvolvimento de pessoas com deficiência. As escolas especiais ainda existem,
mas as regulares já disponibilizam vagas para crianças com deficiência
intelectual. “Trabalhei numa instituição
de educação especial, e era impressionante. Tínhamos adultos de 20, 30 anos,
que passaram a vida inteira nela, porque não tinham outra oportunidade. Hoje se
vislumbram algumas coisas diferentes para essa geração de pessoas com síndrome
de Down, que para as outras não eram tão comuns. Nos dias atuais, a criança com
deficiência está na escola para, quando ela se formar, poder, por exemplo,
trabalhar. Já temos pessoas com síndrome de Down que conseguiram entrar para a
faculdade”, conta Fabiana.
Sobre
os desafios da integração dessas crianças no universo escolar, explicou que “elas, desde muito cedo, em geral, fazem
acompanhamento com fisioterapeuta, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional. Uma
vez ingressando na escola, já vão ter um arcabouço de vivências, de conceitos e
de conhecimento; porém, quando o processo começa a se desenvolver, é muito
importante o trabalho terapêutico com a escola”. E esclareceu: “A gente procura trabalhar sempre, por
exemplo, a repetição; para essas crianças a repetição é muito importante.
Muitas vezes o material que elas vão usar é diferente do dos coleguinhas, mas
elas precisam disso, e a escola tem que ter disponibilidade de mudar, de tentar
outros caminhos. Às vezes, algumas professoras falam: ‘Ah, mas eu nunca tive
experiência com isso, não tenho formação para isso’. A formação, lógico, é
importante! Mas também é valiosíssimo ter disposição de mudar”.
Meus
agradecimentos à terapeuta ocupacional Fabiana Alencar. O tema nos remete ao
respeito às diferenças, passo primacial para o surgimento da tão sonhada
Sociedade Solidária Altruística Ecumênica.
José de Paiva
Netto, jornalista, radialista e escritor.
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