Hiroshima
Paiva Netto
Em 6 de agosto de 2016, precisamente às 8h15, completam-se 71 anos do
lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima, depois foi a vez de Nagasaki,
também no Japão. Data que jamais será varrida das consciências sob risco de que
— esquecidos desse abominável atentado à vida humana — o repitamos num grau de
intensidade ainda maior, devastando não apenas uma cidade, mas o próprio
planeta.
Um pouco de história
Agosto de 1945. Na Europa, Hitler (1889-1945)
se encontrava derrotado e morto. Berlim, destruída e ocupada pelos russos. Em
25 de julho, dias antes do impacto de “Little Boy” — apelido do petardo de
cinco toneladas que matou cerca de 100 mil pessoas em solo japonês —, o
presidente norte-americano, Harry Truman (1884-1972),
decide usar contra o naquele tempo inimigo asiático o que ele mesmo designou em
seu diário como “a coisa mais terrível já descoberta”.
Paul Tibbets (1915-2007) foi o piloto da marinha escolhido para
comandar o B-29 que decolou da ilha de Tinian. O avião, batizado com o nome de
sua mãe, Enola Gay, levantou voo às 2h45min. Ao seu lado,
na missão que entraria para a história e mudaria a geopolítica do século 20,
estava o copiloto Robert Lewis, autor da famosa
exclamação: “Meu Deus, o que fizemos!”.
Décadas se foram. Todavia, o relato de muitos sobreviventes a respeito
do sofrimento atroz por que passaram, é, sem dúvida, uma das mais importantes
bandeiras na luta pelo desarmamento e pela não proliferação de armas nucleares.
“O perigo é real”
Contudo, acontecimentos diversos continuam sugerindo que a possibilidade
de uma Terceira Guerra Mundial não é ilusória. A Humanidade corteja a morte.
Basta lembrar os maus-tratos que promove contra sua própria moradia. A paz
quase que não tem passado de figura de retórica. Em grande parte da trajetória
humana, o período em que ela prevaleceu é ínfimo. Se é que já houve verdadeira
paz neste mundo... Somente na Alma de alguns bem-aventurados é que tem
conseguido habitar. Por isso, com certeza, advertiu o papa João
Paulo II (1920-2005), numa memorável alocução, na década de 1980,
que “o perigo é real”.
A concórdia entre religiosos é a primeira a ser conquistada. A paz de
consciência dos seres terrenos, gerada por uma nova postura ecumênica,
porquanto altamente fraterna, prenuncia a paz social, a paz entre as
instituições e a desejada paz mundial, sob a proteção do Pai Celeste, o maior
diplomata da história deste orbe, não obstante nosso recorrente mau uso do
livre-arbítrio. Para os que riem dessa realidade, uma pequena recordação do cético Voltaire (1694-1778): “Se
Deus não existisse, precisaria ser inventado”.
John Kennedy e a Paz
Muitas nações não estão diretamente envolvidas nos conflitos armados que
nos flagelam, porém todas sofrem a opressão do medo ou da miséria, pela
violência dos armamentos novos ou pelo desvio global de verba para a indústria
da morte. Tudo isso em prejuízo da justa economia que gera instrução, educação,
espiritualização, segurança, alimentação e saúde dos povos. Portanto, a guerra
nos ofende a todos nestes tempos de comunicação rápida e de temporais de
informações, que ameaçam, com seus raios e trovoadas, dar curto-circuito nos
cérebros. Daí a inclusão que faço, neste bate-papo com vocês, do pensamento
de John Kennedy (1917-1963): “Só as armas
não bastam para guardar a paz. Ela deve ser protegida pelos homens (...). A
mera ausência de guerra não é paz”.
A Terra só descobrirá a Paz quando viver o Amor espiritual e souber
reconhecer a Verdade Divina. No entanto, a Divina Verdade de um Deus que é
Amor. Não a de um ser brutal e vingativo, inventado pelos desatinos humanos.
De fato, o perigo continua real. E nós, como tontos, no meio dele, nessa
“briga de foice no escuro”. “Quousque
tandem, Catilina?”
É essencial salientar as propostas e ações de autêntico entendimento.
Conflitante rota para os povos será a do remédio amargo.
Por isso mesmo, não percamos a esperança. Perseveremos trabalhando “por um Brasil melhor e por uma Humanidade
mais feliz”. Eis a direção da vitória. E não se trata de argumento
simplório. A vida ensina, mas quantos de nós aprendemos a tempo?
As soluções dos graves problemas de nossa sociedade passam pela devida
valorização do Capital de Deus, ou seja, o Espírito Eterno do ser humano. Do
contrário, acabaremos por enfrentar um conflito mundial maior que as duas
grandes guerras do século 20 que, numa análise histórica, podem ser
classificadas como uma só dividida em duas partes. Que Deus nos livre da
terceira!
José de
Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
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