O patrimônio da Caridade
Paiva Netto
A
Caridade é o conforto de Deus para as Almas e o relacionamento cordial entre
criaturas que firmemente desejam a preservação deste mundo. Ela é uma função
espiritual e social, não apenas um ato particular de socorrer apressadamente o
mais próximo. É uma política dignificante, um planejamento humanitário, uma
estratégia, uma logística de Deus, entendido como Amor — “Deus é Amor” (Primeira Epístola de João, 4:8) —, a nós oferecida,
de modo que haja sobreviventes à cupidez humana. A Caridade é a Força Divina que
nos mantém de pé. Sabemos, e basta ir ao dicionário, que Caridade é sinônimo de
Amor. Portanto, é respeito, solidariedade, companheirismo, cidadania sem
ferocidades. O mundo precisa de carinho e Amor. Quem diz que não quer ser amado
está doente ou mentindo, o que, no fundo, no caso em questão, é a mesma coisa.
Pode ter certeza de que a pessoa está gritando lá dentro: “Socorro! Preciso ser amado! ou, preciso ser
amada! Mas não tenho coragem de dizer! Tenho vergonha de reivindicar, um pouco
que seja, da Fraternidade dos meus irmãos humanos! Mas escutem o meu apelo
desesperado e silencioso!”.
Como
escrevi em Como Vencer o Sofrimento (2002), o Amor revela a Luz, e a Luz espanta a
treva. Que mais quereremos
nós? O ser humano tem carência de Amor verdadeiro. É o que muitos dirigentes
dos povos em definitivo precisam entender. Governa bem aquele que governa o coração. Exclamam alguns: “— Ah, eu não falo em Caridade!”.
Infelizmente creem que ela se resume em dar às pressas esmola ao mendicante que
os interpela. Já estão em falta quando se irritam diante do necessitado, que em
geral é efeito e não causa. Devem refletir sobre este ditado latino: “Hodie mihi; cras, tibi”. (Hoje, eu; amanhã,
você). Ou seja: agora, o pedinte é ele; amanhã, poderemos ser nós. O pior é
que alguns transferem essa “amofinação” para um sentimento elevadíssimo, que é
a Caridade, que eles não entendem muito bem, mas que se personifica na cola que
junta as partes separadas da sociedade mundial. Enfim, Caridade é a esperança
que repousa em Deus.
José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com
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