Visão geoantropocêntrica do pensamento
Paiva Netto
Da nova edição de minha obra
Cidadania do Espírito, destaco um
tema que é muito apropriado a este nosso estudo. Nele, afirmo — e não se
espantem: O conhecimento humano não deve
escravizar as Almas.
Alguns pensadores, embora
tenham abandonado a perspectiva que Ptolomeu
(90-168) possuía a respeito da Terra e do Sol — a de que tudo girava ao
redor de nosso planeta (geocentrismo) —, lá no fundo, ainda assim
academicamente raciocinam. Cultivam uma visão geoantropocêntrica em suas
observações, submetendo os próprios juízos à distorcida imagem de uma ciência
que, apesar de percorrer longuíssimas distâncias, no bojo de bólidos1
e mais bólidos de ultravelocidade, ideologicamente orbita em torno do globo
terrestre; de uma filosofia cujo eixo gravitacional é o orbe que habitamos; de
uma limitada espiritualidade geoestacionária etc. Não creem, hoje em dia, no
errôneo sistema astronômico do pensador grego, mas agem, falam, escrevem como
se tudo estivesse restrito à nossa área
ou à visão material do Universo.
Escrevi na Folha de S.Paulo, na década de 1980, que
isso nada mais constitui do que um
sistema egocêntrico: o ser humano a pretender que tudo evolua em torno do seu
ego. Quanta presunção!
Porém, já há muitos que se
referem a novos universos, por meio do estudo da mecânica quântica e
relativística. E mais: pelo menos alguns, por exemplo, já têm intuído a
existência de outros Cosmos, os espirituais, revelados pela Ciência além da ciência.
Precisamos ter a compreensão
de que, mesmo estando na Terra, vivemos
a Vida Eterna. Aonde você vai, meu Irmão, minha Irmã, meu jovem, minha
jovem, durante o sono? Há regiões sublimes ainda não alcançáveis a Espíritos de
poucas luzes. Quando chegar a hora, as portas lhes serão abertas. Ninguém jamais deve forçar a sua entrada
pelo aparente, porém desastroso,
“atalho” do suicídio, pois as
consequências são gravíssimas: conduz a Alma a territórios espirituais
asfixiantes, umbralinos, trevosos. A Lei
de Deus tem que ser respeitada.
Muitas vezes, o indivíduo,
quando infringe as leis humanas, fica aparentemente impune. E coisas dessa
natureza têm sido a desgraça das nações. Entretanto, não se iludam: no Mundo
Espiritual, ou ainda mesmo na matéria, o sujeito é apanhado pela Lei de Deus.
Diante dos sublimes mecanismos do Cosmos, não há brechas para o não cumprimento
da Lei Divina. O que pode existir, isso sim, é um acréscimo de misericórdia de
que nos fala Jesus. Mas o certo é que não há impunidade ao infrator em nenhum
ponto do Universo.
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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1 Bólidos — Conforme registra o Dicionário
Houaiss, bólido também significa
“qualquer corpo celeste cujo deslocamento
se dá em grande velocidade”.
Serviço — A Missão dos Setenta e
o “lobo invisível” (Paiva Netto), 384 páginas. À venda nas principais
livrarias ou pelo site www.clubeculturadepaz.com.br
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