Hiroshima
Paiva Netto
Em 6 de agosto de 2018, precisamente
às 8h15, completam-se 73 anos do lançamento da bomba atômica sobre Hiroshima,
depois foi a vez de Nagasaki, também no Japão. Data que jamais será varrida das
consciências sob risco de que — esquecidos desse abominável atentado à vida
humana — o repitamos num grau de intensidade ainda maior, devastando não apenas
uma cidade, mas o próprio planeta.
Um pouco de história
Agosto de 1945. Na Europa, Hitler (1889-1945) se encontrava
derrotado e morto. Berlim, destruída e ocupada pelos russos. Em 25 de julho,
dias antes do impacto de “Little Boy” — apelido do petardo de cinco toneladas
que matou cerca de 100 mil pessoas em solo japonês —, o presidente
norte-americano, Harry Truman (1884-1972),
decide usar contra o naquele tempo inimigo asiático o que ele mesmo designou em
seu diário como “a coisa mais
terrível já descoberta”.
Paul Tibbets (1915-2007)
foi o piloto da marinha escolhido para comandar o B-29 que decolou da ilha de
Tinian. O avião, batizado com o nome de sua mãe, Enola Gay, levantou voo às 2h45min. Ao seu lado, na missão que
entraria para a história e mudaria a geopolítica do século 20, estava o
copiloto Robert Lewis, autor da
famosa exclamação: “Meu Deus, o que
fizemos!”
Décadas se foram. Todavia, o relato
de muitos sobreviventes a respeito do sofrimento atroz por que passaram é, sem
dúvida, uma das mais importantes bandeiras na luta pelo desarmamento e pela não
proliferação de armas nucleares.
“O perigo é
real”
Contudo, acontecimentos diversos
continuam sugerindo que a possibilidade de uma Terceira Guerra Mundial não é
ilusória. A humanidade corteja a morte. Basta lembrar os maus-tratos que
promove contra sua própria moradia. A paz quase que não tem passado de figura
de retórica. Em grande parte da trajetória humana, o período em que ela
prevaleceu é ínfimo. Se é que já houve verdadeira paz neste mundo... Somente na
Alma de alguns bem-aventurados é que tem conseguido habitar. Por isso, com
certeza, advertiu o papa João Paulo
II (1920-2005), numa
memorável alocução, na década de
1980, que “o perigo é real”.
A concórdia entre religiosos é a
primeira a ser conquistada. A paz de consciência dos seres terrenos, gerada por
uma nova postura ecumênica, porquanto altamente fraterna, prenuncia a paz
social, a paz entre as instituições e a desejada paz mundial, sob a proteção do
Pai Celeste, o maior diplomata da história deste orbe, não obstante nosso
recorrente mau uso do livre-arbítrio. Para os que riem dessa realidade, uma
pequena recordação do cético Voltaire (1694-1778): “Se Deus não existisse, precisaria ser
inventado”.
John Kennedy e a Paz
Muitas nações não estão diretamente
envolvidas nos conflitos armados que nos flagelam, porém todas sofrem a
opressão do medo ou da miséria, pela violência dos armamentos novos ou pelo
desvio global de verba para a indústria da morte. Tudo isso em prejuízo da
justa economia que gera espiritualização, educação, instrução, segurança,
alimentação e saúde dos povos. Portanto, a guerra nos ofende a todos nestes tempos
de comunicação rápida e de temporais de informações, que ameaçam, com seus
raios e trovoadas, dar curto-circuito nos cérebros. Daí a inclusão que faço,
neste bate-papo com vocês, do pensamento de John Kennedy (1917-1963): “Só as armas não bastam para guardar a paz. Ela deve ser protegida
pelos homens (...). A mera ausência de guerra não é paz”.
A Terra só descobrirá a Paz quando
viver o Amor espiritual e souber reconhecer a Verdade Divina. No entanto, a
Divina Verdade de um Deus que é Amor. Não a de um ser brutal e vingativo,
inventado pelos desatinos humanos.
De fato, o perigo continua real. E
nós, como tontos, no meio dele, nessa “briga de foice no escuro”. “Quousque tandem, Catilina?”
É essencial salientar as propostas e
ações de autêntico entendimento. Conflitante rota para os povos será a do
remédio amargo.
Por isso mesmo, não percamos a
esperança. Perseveremos trabalhando “por
um Brasil melhor e por uma humanidade mais feliz”. Eis a direção da
vitória. E não se trata de argumento simplório. A vida ensina, mas quantos de
nós aprendemos a tempo?
As soluções dos graves problemas de
nossa sociedade passam pela devida valorização do Capital de Deus, ou seja, o
Espírito Eterno do ser humano. Do contrário, acabaremos por enfrentar um
conflito mundial maior que as duas grandes guerras do século 20 que, numa
análise histórica, podem ser classificadas como uma só dividida em duas partes.
Que Deus nos livre da terceira!
José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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