Desconstruir o homem-ser-restrito
Paiva Netto
A
brevidade do tempo é o fantasma que atormenta o homem-ser-restrito, até que, um
dia, ele perceba que, na verdade, é Espírito Eterno, pairando acima de todos os
grilhões da carne perecível limitante. A
Alma Imortal, criada à imagem e semelhança de Deus-Espírito, traz em si
infinita fonte de Esperança.
Dessa
maneira, veremos que o tempo é, na realidade, o nosso fiel amigo, que nunca
deve ser negligenciado, o que, muitas vezes, fazemos inconsequentemente. Cabe
mencionarmos este instigante pensamento atribuído a Abraão Lincoln (1809-1865), 16o presidente dos
Estados Unidos, que se encontrava exposto no gabinete do Irmão Zarur (1914-1979), no Rio de Janeiro/RJ: “O homem que se decide a parar até que as coisas melhorem verificará,
mais tarde, que aquele que não parou e colaborou com o tempo estará tão
adiante, que jamais poderá ser alcançado”.
Tenho
afirmado em minhas palestras fraternas que, se é difícil, comecemos já, ou melhor, ontem!, porquanto muito resta a
ser feito.
Leiamos
o testemunho, em forma de poesia, da lavra do médico e poeta Laurindo Rabelo (1826-1864),
fundamental para o nosso aprendizado. O “Poeta Lagartixa” — assim conhecido
porque era magro e de estatura alta — possuía um espírito francamente crítico.
Vendo quanto tempo tinha perdido em coisas fúteis que antes considerava sérias,
ele aconselha aqueles que desperdiçam oportunidades a não mais cometer essa
falta grave, para mais tarde não chorar amargamente. Eis o extraordinário
soneto:
A
CONTA DO TEMPO
Deus pede estrita conta do meu
tempo;
Forçoso é do meu tempo já dar conta.
Mas, como dar, sem tempo, tanta
conta,
Eu que gastei, sem conta, tanto
tempo?
Para ter minha conta feita a tempo,
Dado me foi bom tempo e não fiz
conta;
Não quis, sobrando tempo, fazer
conta;
Quero hoje fazer conta e falta o
tempo.
Oh! vós que tendes tempo sem ter
conta,
Não gasteis esse tempo em
passatempo!
Cuidai de, enquanto é tempo, fazer
conta!
Mas, ah! se os que contam com seu
tempo,
Tivessem desse tempo alguma conta,
Não choravam, como eu, o não ter
tempo!
Costumo
dizer que o tempo vai passar de qualquer
maneira. Não o percamos. Gastemo-lo
praticando o Bem. E, ao compreender nossa origem divina, jamais olvidaremos
esta salvadora lição evangélica deixada pelo Sublime Professor: “Ajuntai para vós tesouros no Céu, onde nem
a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não escavam nem roubam.
Porque onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração” (Evangelho de Jesus, segundo Mateus,
6:20 e 21).
José de Paiva Netto ― Jornalista,
radialista e escritor.
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