Não somos robôs
Paiva Netto
Na noite de 30 de janeiro
de 1989, conversava com uma plateia de moços sobre o valor da vida e das lições
com que nos presenteia, reflexão que ofereço aos que me honram com sua
leitura:
Jovens, ouvi o ensinamento
da Natureza, o recado das plantas e dos animais, por inexpressivos que vos
pareçam. Não é à toa que temos cercado de flores, arbustos, árvores, atrativos
perenes suscitados pelo Pai Celestial, as nossas obras. Encantai-vos com o voo
dos pássaros e o som da cigarra, com o vento a abrir caminho entre as folhas e
a melodia exótica do grilo ao entardecer. Não passeis distraídos diante de
tanta beleza. Não sois robôs! Isto dará reforço à vossa humanidade. A Natureza
incessantemente canta aos vossos corações. De onde vem a força da Alma? Também
da genuflexa observação de tudo isso... que é vida, Deus, Jesus, o Espírito
Santo e a Natureza em si.
Crise hídrica
Mais do que nunca, hoje,
amar a existência é saber valorizar e defender a Mãe Natureza, da qual somos
parte intrínseca. O contrário disso desencadeará graves consequências.
Uma boa estratégia para
proteger o planeta e oferecer segurança aos seus habitantes passa por decisivos
atos de prevenção. E para eficientemente pô-la em prática é necessário também
buscar experiências e informações catalogadas pela História, que, no dizer
de Cícero (106-43
a.C.), “é a mestra da vida”.
Essa providência urge ser
cada vez mais empreendida pelos países na solução da acelerada degradação
ambiental e da crescente crise hídrica, a exemplo da que vem ocorrendo no
Brasil, na Califórnia (EUA) e em diversos países da África e da Ásia.
Se quisermos sobreviver e
deixar como herança um garantido abastecimento de água às novas gerações, esse
assunto deve ser pauta diária, acompanhada de atitudes pontuais.
Atentar para os estudos da
Meteorologia, em avanço constante, e agir preventivamente é caminho acertado.
Falando ao programa Biosfera, da
Boa Vontade TV, no Brasil, o professor Antonio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), citou um dos motivos da escassez
de chuva ocorrida em 2014, por exemplo, em São Paulo, e que, cada vez mais,
atinge outras regiões de nosso território:
“Acredito que isso é o resultado cíclico natural da
atividade solar, que a gente chama em Hidrologia de ‘Efeito José’. Ele prevê,
ao longo do tempo, um período de baixas precipitações sucedido por longo
período de altas precipitações, e assim sucessivamente. Então, observamos na
década de 1930 até os anos 1960 precipitações abaixo de uma determinada média,
a média era inferior; houve esse aumento a partir da década de 1970 e, agora,
acredito que vamos passar por mais ou menos de 30 a 40 anos de precipitações
mais baixas do que aquelas que verificamos nesses últimos 40 anos".
A palavra do professor
Antonio Zuffo nos mostra a importância dos registros climáticos do passado. O
“Efeito José” é um conceito de Hidrologia de 1968, nascido de um trabalho dos
pesquisadores Benoit Mandelbrot (1924-2010)
e James R. Wallis. Eles
estudaram os dados fluviométricos históricos de alguns dos grandes rios do
mundo, em particular do Nilo, no Egito. O nome faz referência à passagem do
Velho Testamento, em que José anuncia
sete anos de fartura seguidos de sete anos de fome, depois de analisar o enigmático
sonho do faraó, no qual sete vacas magras devoram sete vacas gordas e sete
espigas mirradas consomem sete espigas graúdas (Gênesis, capítulo 41).
Contudo, o famoso
personagem bíblico não só previu os tempos difíceis, mas percebeu como impedir
a carestia total. E, assim, sob a aprovação do faraó, utilizou a estratégia da
prevenção, salvando o povo egípcio.
Em qualquer área,
administrar é chegar antes.
A destruição da Natureza é a extinção da raça humana
O que mais precisa ocorrer
ainda para que o mundo, por completo, acorde ante o iminente perigo que nos
espreita? E depois negam a realidade do Apocalipse e o valor da grande
tribulação, anunciados por Jesus. E, isto é: quando os leem...
Mas, graças à natural
teimosia de sobreviver da espécie humana, iniciativas para a melhora do planeta
surgem em escala apreciável.
Como sempre bradamos: a
destruição da Natureza é a extinção da raça humana.
José de Paiva Netto,
jornalista, radialista e escritor.
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