O equilíbrio como objetivo
O mundo físico não mais
evoluirá sem o auxílio flagrante do Mundo Espiritual. Eis o grande ensinamento
que as nações aprenderão no transcurso do terceiro milênio.
Paiva Netto
O sentido lato de cidadania
O amadurecimento crescente de um povo, que
está descobrindo os seus direitos de cidadão, ainda que tardiamente, porquanto
mais de dois séculos após a Revolução Francesa, o fará finalmente concluir que
nenhum país pode, na verdade, desenvolver seus talentos se continuar subsistindo
como uma vasta senzala de senhores e escravos, ou fechar-se feito uma ostra
xenófoba ou abrir-se de forma temerária, a ponto de perder sua identidade, sua
soberania.
A compreensão das massas ir-se-á maturando
até que entendam o valor da cidadania, no sentido lato, pois não é suficiente
considerar o cidadão apenas no seu contexto físico, mas também no espiritual, pois qualquer componente
dos grupos humanos é, em resumo, constituído por corpo e Alma. Afinal, somos na origem Espírito.
Eis o significado completo de cidadania, que não pode admitir tão só o
analfabetismo das letras humanas, como igualmente a ignorância dos assuntos
espirituais. O desconhecimento desta realidade sobre a qual acabamos de
discorrer favorece a incrementação das ações causadoras da fome, do desemprego,
do sectarismo, do frio ideal individualista, isto é, ególatra, a promoção do
escárnio com os que sofrem na sociedade, porque riqueza e pobreza situam-se
dentro do ser humano. Exteriorizá-las, ou não, depende da mentalidade e de fatores
culturais (no futuro, marcadamente espirituais), que precisam ser exercitados.
Essa é uma situação que não afeta unicamente o Brasil, é mundial: durante
gerações foi-se oferecendo à grande parte das crianças e dos jovens pouco mais
que lixo.
Depois, há quem se surpreenda com o resultado
obtido por tão funesta sementeira, a cultura do crime, que se compraz no
conflito entre povos, ou mesmo no seio das famílias, verdadeiras guerras civis
não declaradas, da qual a mocidade é a principal vítima (Apocalipse, 8:7), a
causar outras tantas em todas as classes. “Primeira Trombeta — O
primeiro anjo tocou a trombeta, e houve saraiva e fogo de mistura com sangue, e
foram atirados à terra. Foi, então, queimada a terça parte da terra, e das
árvores, e também toda a grama verde (a infância e a mocidade).”
Não basta levantar o vidro do carro. É
suicídio desviar a atenção dos fatos. Nunca foi eficiente esconder a
cabeça na areia, como o avestruz.
Estamos corpo, mas somos Espírito
Urge, com presteza, mudar a
mentalidade que entroniza o delito como exemplo, a exploração como meta, a
apatia diante do erro como “boa” acomodação da existência, para que alcancemos
uma ordem social justa, produto da ação decisiva de comunidades eficazes,
fraternalmente combativas, e de um governo, seja qual for, que tenha
decididamente como objetivo fazer progredir a população de seu país, antes que
grande parte dela se fine, ou seja, quase isso, pela subnutrição física ou
mental, pela desesperança que lhe aponta, muitas vezes como solução, à violência.
Entretanto, sob qualquer pretexto, jamais devemos abrir mão do auxílio
magnânimo dos amigos do etéreo supremo, daí a Revolução Mundial dos Espíritos
de Luz, os quais apropriadamente chamamos de anjos guardiães. Aliás, na
verdade, concreto é o espírito, não querendo afirmar que o corpo, sua
vestimenta, deva ser criminosamente desprezado. Ensinam os mais velhos
que “saco vazio não se põe de pé”.
Tenhamos, pois, o equilíbrio como objetivo. Contudo, a Alma não pode ser, de
maneira alguma, menosprezada, porquanto, para argumentar, podemos dizer —
estamos corpo, mas somos Espírito. A nação que compreender e administrar essa
verdade empolgará e governará o mundo. A própria ciência o proclamará. Depois
de Einstein (1879-1955),
onde se escondeu a matéria?
O outro lado da moeda
O outro lado da moeda não é nada apreciável:
o clamor do desespero acumulado durante séculos, pronto a explodir. Não é sem
propósito esta meditação de Bonaparte (1769-1821): “Cada hora perdida na juventude é uma
possibilidade de infortúnio na idade adulta”.
Ora, isso também se aplica às nações que
nascem, crescem, tornam-se maduras, quando colherão o que houver plantado nas
fases anteriores, se não souberem, mais que honrá-lo, sublimar seu patrimônio
espiritual, humano e social. Eis o desafio a ser vencido no campo da educação:
o de aliar à instrução a espiritualidade. Tenho plena certeza de que o
Evangelho e o Apocalipse, longe de abomináveis fanatismos, proporcionam uma
estrutura espiritual, psíquica e ética para que ocorra essa transmudação, cuja
hora é chegada, mais que isso, urgentíssima.
José
de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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