A Caridade pura não aceita o egoísmo
Paiva Netto
Quem se integra no
verdadeiro espírito da Caridade não mais aceita o egoísmo. Deus é quem nele
habita. E este sentido de Fraternidade, Solidariedade, Generosidade, que é
Deus, vive em todos e por todos os seus Irmãos em humanidade. Disse o Buda
(aprox. 556-486), o iluminado mentor que nasceu na Índia: "O sofrimento é universal; a causa do
sofrimento são os desejos egoístas; a cura do sofrimento está em libertar-se
dos desejos; o modo de livrar-se dos desejos é através de uma perfeita
disciplina mental".
Deus é Caridade. Em sua
Primeira Epístola, 4:8 e 16, João Evangelista explica que “Deus é Amor”. Ora, Caridade é sinônimo
de Amor. Todos precisam dele, o mundo necessita de Caridade. Eis a Estratégia
Divina para a perfeita condução dos povos, quando os seres humanos alcançarem
que Política plena é aquela que, cuidando do cidadão, infere que este, além de
corpo, também possui Alma. Diante desse Ser completo, teremos uma nação
integrada na Solidariedade Ecumênica, portanto Social, Altruística. Quando isso
ocorrer, o sofrimento, incluído o psíquico, passará ao largo. Afinal, vivemos o
terceiro milênio. Algo terá de mudar, nem que demore mil anos.
Erigir um Império de Boa Vontade
A Caridade, na sua
expressão mais profunda, deveria ser um dos principais estatutos da Política,
porque não se restringe ao simples e louvável ato de dar um pão. É o sentimento
que — iluminando a Alma do governante, do parlamentar e do magistrado —
conduzirá o povo ao regime em que a Solidariedade é a base da Economia,
entendida no seu mais amplo significado. Isso exige uma reestruturação da
Cultura, por intermédio da Espiritualidade Ecumênica e da Pedagogia do Afeto,
no meio popular e como disciplina acadêmica. Contudo, no campo intelectual, que
o seja sem qualquer tipo de preconceito que reduza, em determinadas ocasiões, a
perspectiva de grandes pensadores analíticos, pelo fato de alguns deles se
submeterem a certos dogmatismos ideológicos e científicos, o que é inconcebível
partindo de mentes, no supino, lucubradoras. Até porque a Ciência é pródiga em
conquistas para o bem comum. Mas também, no seio dela, houve os que muito
sofreram incompreensão, por causa do convencionalismo castrador, mesmo de
certos pares que apressadamente os prejulgavam. Vítimas deles foram Sócrates, Bias, Baruch Spinoza, Dante Alighieri, Galileu Galilei, Semmelweis, William Harvey, Samuel
Hahnemann, Maria Montessori, Luiza Mahin, dr. Barry J. Marshall, dr. J. Robin Warren e outros nomes
célebres, universalmente acatados.
Em suma, a Caridade,
sinônimo de Amor, é uma Ciência especial, a vanguarda de um mundo em que o ser
humano será tratado como merece: de forma humana, portanto, civilizada.
Estaríamos, assim, erigindo um Império de Boa Vontade neste planeta, o estado excelente
para o Capital de Deus, que circula por todos os cantos e não mais pode aceitar
especulação criminosa de si mesmo. (...)
Esta ponderação da
educadora e escritora brasileira Cinira
Riedel de Figueiredo (1893-1987) vem ao encontro do que anteriormente
abordamos: “De cada homem e cada
mulher depende o aprimoramento de tudo quanto nasce, cresce, vive e se
transforma sobre a Terra, porque, de fato, nada morre. Existe uma contínua
transmutação, e devemos ser os guias para que essa transformação se faça uma
ascensão constante, tornando-se cada vez mais bela e mais perfeita para
representar melhor a vida que a anima”.
José
de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
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