Autismo e desafios da inclusão
Paiva Netto
Para
ampliar a conscientização de todos, alguns temas devem estar sempre em pauta.
Um deles é o autismo, que atinge mais de dois milhões de brasileiros e
representa 70 milhões de pessoas no mundo, cerca de 1% da população mundial,
conforme dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
O
diagnóstico precoce pode fazer enorme diferença no desenvolvimento do
indivíduo. Este, ainda que seja portador de limitação física ou psíquica,
possui a extraordinária capacidade para se adaptar e alcançar importantes
objetivos de vida. O mundo está repleto de exemplos. O que falta, às vezes, é o
devido investimento no Capital de Deus, ou seja, na própria criatura humana.
Sintomas e cuidados
Alguns
autistas apresentam determinadas habilidades que superam as da média da
população. “Eles têm bastante facilidade
para números, decorar, resolver expressões matemáticas e para várias questões
diferenciadas da vida. Mas não conseguem dar funcionalidade a isso”,
explica a assistente social Simone
Bruschi.
Um
ponto que prejudica o acompanhamento especializado do autista é, num primeiro
momento, a negação do problema, situação frequente no seio familiar. Simone,
integrante da Associação Brasileira de Assistência e Desenvolvimento Social
(Abads), em entrevista ao programa Sociedade
Solidária, da Boa Vontade TV (Oi TV — Canal 212 — e Net Brasil/Claro TV —
Canais 196 e 696), comenta: “Quando
falamos do autismo, abordamos algo que não se pode identificar por exame de
sangue, eletroencefalograma, tomografia. E o diagnóstico é muito difícil de ser
aceito pela família. Existe a avaliação clínica — que é muito rica —, porém, os
familiares sempre questionam: ‘Ah, não. Acho que pode ser algo diferente’”.
Nesses
casos, de acordo com Simone, devem-se buscar outros profissionais, inclusive
para que também eles se envolvam na vida dessa família, dessa criança ou desse
adolescente.
É
fundamental procurar um especialista ao perceber na criança qualquer indício
constante de preferir ficar sozinha, de apatia diante dos brinquedos, de não
reclamar por ser deixada no berço, em vez do colo dos pais. “Existem famílias que só começam a levar
para o tratamento na idade escolar, quando o professor sinaliza: ‘Olha, o seu
filho precisa de auxílio’. Quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as
possibilidades de tratamento.”
Simone
ressalta que “algumas pessoas com autismo
podem apresentar uma deficiência intelectual, mas não é necessariamente uma
regra”.
E
aí entra um desafio, o de inserir no mercado de trabalho portadores de deficiência
intelectual. “É mais fácil — não sei se
posso usar essa expressão — contratar um jovem com deficiência física, por
conta das acessibilidades existentes, do que alguém com deficiência
intelectual, para o que não temos ainda a tecnologia assistiva. Por isso, é um
desafio para o consultor de emprego apoiado. Ele tem de ir à empresa e provar
que a pessoa com transtorno é capaz. É necessário um trabalho de sensibilização
tanto com os empregados e colaboradores quanto com os empregadores e a família”.
É
preciso ampliar as condições para a inclusão social dos portadores de qualquer
deficiência, seja física, seja intelectual.
José de Paiva
Netto, jornalista, radialista e escritor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário