quarta-feira, 22 de janeiro de 2020


Solução ideal
Paiva Netto

O problema do mundo não é primordialmente o pecado, mas a carência de Amor que o gera. “Deus é Amor”, inspirado em Jesus definiu João, Evangelista e Profeta, o Discípulo Amado do Divino Mestre, em sua Primeira Epístola, 4:16: “E nós temos reconhecido o Amor de Deus por nós, e Nele cremos. Deus é Amor: aquele que permanece no Amor permanece em Deus, e Deus, nele”.
No filme Irmão Sol, Irmã Lua (1972), do renomado cineasta italiano Franco Zeffirelli (1923-2019), cena impressionante é projetada: na ocasião em que recebeu a Francisco de Assis (1181-1226), em Roma, o papa Inocêncio III (1160-1216), profundamente comovido pela presença e pelas palavras de Il Poverello, quase que em êxtase, ao beijar-lhe os pés, exclamou: “Erros podem ser perdoados. Nossa obsessão com o pecado original nos faz muitas vezes esquecer nossa inocência original!” (O destaque é meu.)
Jesus trouxe aos povos elevada e abrangente visão a respeito do Pai Celeste: Caridade (isto é, Amor), Fraternidade, Generosidade, Compaixão e também a perfeita Justiça, porque, sem ela, vigora a impunidade, fomentadora da corrupção que estabelece o caos.
No livro Os Mensageiros, do Espírito André Luiz, pela psicografia do Legionário da Boa Vontade no 15.353, Chico Xavier, lemos explicação de Alfredo, administrador de um Posto de Socorro no Mundo Espiritual, que diz: “Enquanto não imperar a lei universal do amor, é indispensável persevere o reinado da justiça”.
É evidente que, quando me refiro à Justiça, não estou tratando de vingança, porquanto esta é a mais completa negação daquela. Nesse sentido, o respeitado escritor e libretista italiano Pietro Metastasio (1698-1782) sentenciou: “Sem piedade, a justiça é crueldade. E é fraqueza a piedade sem justiça”.
De minha parte, tantas vezes tenho ponderado que premiar quem não merece é crime.
A mensagem do Cristo Ecumênico, o Celeste Estadista, é eterna: “Passará o Céu, passará a Terra, mas as minhas palavras não passarão” (Evangelho, segundo Lucas, 21:33), pois Ele divinamente apregoa o Amor do Seu Novo Mandamento como a definitiva solução para os infortúnios que afligem a humanidade: “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos. Não há maior Amor do que doar a própria vida pelos seus amigos” (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35; e 15:13).

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

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terça-feira, 21 de janeiro de 2020


Religião: Solidariedade sem fronteiras
Paiva Netto

Em 21 de janeiro, celebra-se o Dia Mundial da Religião. Em artigo publicado na Folha de S.Paulo, na década de 1980, arguido por um leitor se não sectarizaria minha palavra o fato de, em meus escritos, dar muito valor à Religião, expandi o que anteriormente havia registrado no primeiro volume de O Brasil e o Apocalipse (1984), que já esgotou várias edições:

Não vejo Religião como ringues de luta livre, nos quais as muitas crenças se violentam no ataque ou na defesa de princípios, ou de Deus, que é Amor, portanto Caridade, e que, por isso, não pode aprovar manifestações de ódio em Seu Santo Nome nem precisa da defesa raivosa de quem quer que seja. Alziro Zarur dizia:

— O maior criminoso do mundo é aquele que prega o ódio em nome de Deus.

Compreendo Religião como Fraternidade, Solidariedade, Entendimento, Compaixão, Generosidade, Respeito à Vida Humana, Salvação das Almas, Iluminação do Espírito, que todos somos. Tudo isso no sentido mais elevado. Creio na Religião como algo dinâmico, vivo, pragmático, altruisticamente realizador, que abre caminhos de luz nas Almas e que, por essa razão, deve estar na vanguarda ética. Não a vejo como coisa abúlica, nefelibata, afastada do cotidiano de luta pela sobrevivência que sufoca as massas. Não a entenderia se não atuasse também, de modo sensato, na transformação das realidades tristes que ainda atormentam os povos. Estes, cada vez mais, andam necessitados de Deus, que é o antídoto para os males espirituais, morais e, por consequência, os sociais, incluídos o imobilismo, o sectarismo e a intolerância degeneradores, que obscurecem o Espírito das multidões. (...) E de maneira alguma devem-se excluir os ateus de qualquer providencia que venha beneficiar o mundo.
(...) Não podemos esquecer que a nossa vida começa no Outro Mundo. Quem não tiver certeza disso deve dar início à sua própria investigação, contanto que isenta de ideias preconcebidas, para não ser apanhado, ou apanhada, de surpresa por revelações extraordinárias, que suplantam as mais avançadas concepções da Ciência ou da Filosofia convencionais. Alguns seguidores da Ciência foram, ou ainda são, mais dogmáticos que o mais radical dos religiosos. E tudo o que é radical provoca o recrudescimento do radicalismo oposto.
Apesar desse fato infeliz, é imprescindível que seja desvendada a realidade espiritual. O respeitado inventor norte-americano Thomas Edison (1847-1931), detentor de 1.093 patentes, sendo talvez a mais famosa delas a da lâmpada elétrica, pressentia tal necessidade ao expor na revista American Magazine, edição de julho-dezembro de 1920:

Se nossa personalidade sobrevive à morte, então, é rigorosamente lógico e científico presumir que ela mantém a memória, o intelecto e outras faculdades e conhecimentos que adquirimos na Terra. Portanto, se a personalidade existe depois do que chamamos de morte, é razoável concluir que os que deixam esta Terra gostariam de se comunicar com os que deixaram aqui. Consequentemente, o que se deve fazer é fornecer os melhores meios concebíveis para facilitar a abertura da comunicação conosco e depois ver o que acontece. (...) De minha parte, estou inclinado a acreditar que nossa personalidade futura será capaz de influenciar a matéria. Se este meu raciocínio estiver correto, poderemos, então, desenvolver um instrumento muito delicado, que possa ser afetado, mexido, ou manipulado por nossa personalidade quando ela sobreviver em outra vida, da mesma maneira que um instrumento, quando está disponível, deve registrar alguma coisa.
(Os destaques são meus.)

Há décadas bradamos: os mortos não morrem!
E, Religião não rima com intolerância!

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.

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quinta-feira, 16 de janeiro de 2020


Reconhecer defeitos próprios é saída para crise
Paiva Netto

Quando almejamos o apuramento das coisas, é imprescindível que localizemos o que está errado, a começar no nosso íntimo, porquanto, se não reconhecermos os nossos defeitos, como nos poderemos corrigir? Temos basicamente de deixar de enganar-nos a nós próprios, sob o risco de encenarmos, como protagonistas, este desabafo de La Fontaine (1621-1695): “A vergonha de confessar o primeiro erro leva-nos a muitos outros”.
Ora, isso se aplica a todos e a tudo para a melhor convivência global.
Tomemos como exemplo a atual crise. O capitalismo é uma sucessão delas. O que está a exigir, agora mais do que nunca, além das medidas técnicas corretivas, uma reforma que tenha como bandeira a dignidade, o respeito à criatura humana. Do contrário, a próxima explosão da bolha será muito pior que a da primeira década do século 21.

Erigir uma comunidade mundial mais responsável
Retificar esse costume doentio seria, digamos para argumentar, um categórico primeiro passo para erigir-se, no decurso do terceiro milênio, uma nova comunidade mundial mais responsável, portanto, com menos repentinas crises, incluídas as financeiras e econômicas — embora possível e ciclicamente armadas e previstas, pelo menos por aqueles que vivem a tirar ganancioso proveito do que a multidão nem imaginava acontecer. Junte-se a isso as proclamadas omissões e displicências de certos governos no mundo a fomentar sequelas como a grave questão do desemprego; a falta de uma melhor regularização e fundamentos econômicos sólidos; as estimativas equivocadas da situação econômica; e as inefáveis cobiça e arrogância, que têm sido o túmulo de tanta coisa apreciável que nem ao menos teve tempo de nascer, para orfandade das massas. Como vaticinava o Gandhi (1869-1948), “chegará o dia em que aqueles que estão na corrida louca de multiplicar os seus bens na vã tentativa de engrandecimento (extensão de territórios, acúmulo de armas, de riquezas, de poderes...) reavaliarão os seus atos e dirão: Que fizemos nós?”
Por isso tudo, prefiro primeiramente confiar em Jesus, que o Mahatma, indiano, mas acima de tudo universalista, tanto respeitava, assim como o fazem os Irmãos islâmicos. O Cordeiro de Deus não trai nem entra em crise. Para nossa segurança, Ele havia-nos confortado, ao revelar:

“Eu sou o Pão da Vida; quem vem a mim de forma alguma terá fome; e quem crê em mim jamais terá sede! (...) Eu sou o Pão Vivo que desceu do Céu. Se alguém dele comer, viverá eternamente” (Evangelho, segundo João, 6:35 e 51).

Ora, tudo neste planeta pode ficar além do controle dos homens, mas nada escapa ao comando de Deus. Todavia, quando os seres humanos verdadeiramente se reúnem com o fito de achar-se uma solução, mesmo que para os mais espinhosos problemas, ela surge. Mas é “preciso que haja Boa Vontade”, consoante propunha o saudoso fundador da LBV, Alziro Zarur (1914-1979), desde que não seja confundida com boa intenção, com a qual está calçado o inferno, como diz o povo.

José de Paiva Netto, jornalista, radialista e escritor.
paivanetto@lbv.org.brwww.boavontade.com