sexta-feira, 16 de outubro de 2020

 

Seu Bruno e a Pedagogia do Afeto

 Paiva Netto

 

Um dos mais significativos sentimentos que nós, seres humanos, podemos expressar é a gratidão. Sempre que me indagam sobre o início de minha vida intelectual, cito a presença e o incentivo de meu saudoso pai, Bruno Simões de Paiva (1911-2000), como fatores principais para o gosto que adquiri pela leitura e pelo conhecimento.

São marcantes na minha memória os períodos em que ele, quando podia chegar mais cedo em casa, abria os livros de história, literatura etc. e os lia para Lícia Margarida (1942-2010), minha irmã, e para mim. Além do seu emprego, ainda realizava vários outros serviços. Mas se esforçava para nos proporcionar esses momentos de estudo no lar.

Quão prazeroso era dialogar com ele, homem de cultura e simplicidade invejáveis! Com o deleite de um professor zeloso, não somente fazia a leitura como também procurava, numa linguagem apropriada para as crianças, deixar o bom ensinamento. Um deles me ficou indelevelmente registrado na mente. Assim resumo algumas horas de bate-papo conosco: “José, as minorias atrevidas ou bem estruturadas é que geralmente agitam ou até mesmo comandam. Exemplo: um número menor de egípcios bem articulados e em seu próprio território dominou uma quantidade muito maior de hebreus, sem contar mulheres, crianças e animais, porque era como se fazia o censo de certas populações na Antiguidade. (...) Até que surgiu Moisés, o libertador deles”.

Essa é a maneira de que me lembro das palavras de meu velho, pois ouvi essas considerações quando tinha menos de 10 anos de idade, à noite. Naquele tempo, década de 1940, às 22 horas, para uma criança, quase que correspondia à madrugada nos dias de hoje.

 

Formação Cultural

Meu pai possuía um processo bem pessoal de educar. Os livros que me presenteava sempre acompanharam o meu crescimento. Explico: os volumes dispostos na estante lá de casa eram separados por assuntos correspondentes à minha idade e estatura. Desse modo, só alcançava o tomo pertinente aos temas apropriados para o meu desenvolvimento intelectual.

Ainda na minha meninice, a primeira notícia pela qual tive conhecimento da Bíblia Sagrada, em particular a Boa Nova de Jesus, veio por intermédio também de meu pai. Ele me falou sobre uma comovente história contada ao povo pelo Cristo de Deus: a Parábola do Bom Samaritano. E a leu para mim. A passagem encontra-se no Evangelho, segundo Lucas, 10:25 a 37.

 

Valores que herdamos

Ao longo desse tempo à frente das ações solidárias da Legião da Boa Vontade, tendo delineado a linha educacional da Instituição, ao estabelecer, entre outras diretrizes, a Pedagogia do Afeto para o educando até os 10 anos, percebo o quanto fui influenciado pela educação que recebi de seu Bruno.

A tenra idade é argila esperando ser moldada pelo cinzel do comprometimento com as futuras gerações, talhando o caráter e a personalidade de uma liderança nova, firmada nos preceitos universalistas do Cristo Ecumênico. Sim, do Divino Estadista! Aquele que está acima de contendas religiosas, pois Seus ensinamentos, como Educador Celeste, permeiam as mais diversas culturas e tradições que, pelos milênios, nortearam a evolução do ser humano na face da Terra.

Esse meu testemunho é prova cabal do imprescindível estímulo que os pais ou responsáveis devem, por amor, ofertar aos filhos. Valores como respeito, solidariedade, postura ecumênica perante as diferenças, espiritualidade são retirados inicialmente do exemplo dos pais e têm sua extensão na habilidade dos educadores em desenvolver, além dos potenciais do intelecto, as virtudes de seus alunos.

Dedico, à reflexão de todos, esta passagem contida no Antigo Testamento da Bíblia Sagrada, em Provérbios, 22:6:

 

— Ensina a criança no caminho em que deve andar; e, mesmo quando envelhecer, não se desviará dele.

 

Grato, seu Bruno!

 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.brwww.boavontade.com

 

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

 

Sete faces que revelam Deus

Paiva Netto

 

Em 21 de outubro, há 31 anos, tive a honra de inaugurar com a indispensável ajuda do povo, em Brasília/DF, o Templo da Boa Vontade (TBV).

Desde que abriu suas portas, o TBV é, segundo dados oficiais da Secretaria de Turismo do Distrito Federal (Setur-DF), o local mais visitado da capital do país.

Num artigo que escrevi para a Folha de S.Paulo, em 9 de agosto de 1987, delineei o espírito que norteia a Pirâmide das Sete Faces:

 

A construção do Templo da Boa Vontade, com um só altar e um trono exclusivamente dedicados ao Senhor Deus, tem como supremo objetivo reunir todas as criaturas, sejam quais forem suas crenças ou descrenças (ateu também é filho de Deus), conduzindo-as à Unidade da Fé Realizante com base no Ecumenismo Irrestrito. A Fé Realizante é aquela que se opõe à ociosa, egoística. (...) Revelou Jesus à samaritana, junto ao Poço de Jacó, em Seu Evangelho, segundo João, 4:1 a 30: “Deus é Espírito” e, por isso, “breve não mais será adorado em templos de pedra feitos pela mão do homem”. Por ser Espírito, “Ele procura, para Seus adoradores, aqueles que O adorem em Espírito e Verdade”. O TBV é, pois, a fase intermediária entre os templos de pedra e a época tão esperada em que os homens não mais necessitarão de templos materiais para orar a Deus. Natura non facit saltum. Por ser uma etapa transitória, aplicam-se a ele estas palavras inspiradas no ensinamento do Cristo Planetário: “Neste Templo até as pedras clamarão que Deus é Espírito e importa que seja adorado em Espírito e Verdade”.

Corresponde a dizer que nos tempos vindouros evoluirá a concepção restritiva de se adorar Deus apenas quando sob tetos materiais. Os templos, por mais que louváveis, não serão essenciais.

Curiosamente, nessa era ideal, sua frequência será a mais gloriosa de todos os tempos da humanidade, porque haverão os homens compreendido ter Deus dentro de si mesmos. Ninguém mais se atreverá a frequentá-los como quem vai a uma descartável obrigação social, a um piquenique, a um desfile de moda. Quadro que entristece os religiosos compenetrados de sua missão. O lugar preferido por Deus para Seu culto é o coração humano. Não há aqui censura alguma aos que veneram seus templos para adoração ao Todo-Poderoso. De outra forma, como construiríamos o da Boa Vontade em Brasília?

O que concebemos é uma antevisão do que anunciou o Cristo. Dia virá em que a humanidade inteira será reconhecidamente o Templo do Deus Vivo — território sagrado, onde todos poderão viver em Paz, como profetizou Isaías no Velho Testamento da Bíblia Sagrada. O ser humano finalmente entenderá que o Pai Celestial em Sua infinita sabedoria deve ser buscado e vivido em todos os lugares, durante todos os segundos da existência. Os sacerdotes sempre serão sacerdotes. Isto lhes nasce da Alma: em seus templos e em qualquer parte. Sentem-se assim as criaturas de Fé, em todos os pontos do mundo.

O ser humano pode tentar, ainda que em vão, destruir as religiões na Terra: contudo, jamais conseguirá extinguir a religiosidade que nasce com ele, mesmo quando ateu.

 

Dia do Ecumenismo

Em homenagem ao Templo da Paz, foi oficializado em Brasília o 21 de outubro como Dia do Ecumenismo. A iniciativa recebeu a adesão de outros pontos do país, a exemplo dos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, e da cidade de Novo Hamburgo/RS.

O seu piso foi construído em granito com o desenho de uma espiral, de modo que, ao entrar na Nave, o peregrino percorra o caminho de cor escura, que gira em sentido anti-horário, representando a jornada difícil do ser humano, em busca de um ponto de equilíbrio. Na volta, caminha-se pela trilha de cor clara, que representa a nova jornada, iluminada por valores morais e espirituais. A tradição de caminhar pela Espiral e com os pés descalços foi criada pelos próprios peregrinos*.

Durante todo o mês, uma rica programação cultural, religiosa e ecumênica celebra os 31 anos do TBV. Ele está localizado na Quadra 915 Sul, Brasília/DF.

 

___________

* Este ano, em decorrência da pandemia do novo coronavírus, nossa peregrinação ao TBV será on-line, mantendo, assim, o necessário distanciamento físico recomendado pelas autoridades. Em todos os canais da Comunicação 100% Jesus (rádio, TV e internet), esse momento histórico será levado até você. Fique atento às novidades no portal boavontade.com

 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.brwww.boavontade.com

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

 

Tudo é espiritual

Paiva Netto

 

Tudo é espiritual, seja para o Bem ou tristemente para o mal. Rimou e é verdade. Daí a minha preocupação em demonstrar-lhes, por exemplo, que a reforma do social vem justamente pelo espiritual. Na Folha de S.Paulo, em 1982, discorri sobre ser a economia a mais espiritual das ciências ou arte. Por não pensarem dessa maneira, por não se preocuparem com isso, é que diversas ideologias não têm conquistado o que tanto almejam.

Pode parecer, algumas vezes, a certos leitores ou leitoras, que eu não entenda espiritual e religioso como sinônimos. É que, no campo mais elevado das ideias, deste modo geralmente não o são. Pelos conceitos humanos, Religião é aquilo que todo mundo compreende como tal: a-p-e-n-a-s r-e-l-i-g-i-ã-o! Isto é, aquilo que se enquadra numa respeitável tradição de fé. Mas chegará o dia em que qualquer um poderá alcançar, pelo entendimento desenvolvido, que, como já lhes afirmei, tudo é espiritual, não somente na esfera religiosa, bem como na política, na filosófica, na científica, na artística, na econômica, na esportiva, na vida doméstica ou pública, e assim por diante.

 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

                                                        paivanetto@lbv.org.brwww.boavontade.com