domingo, 16 de agosto de 2020

 

A Alma é a geratriz de todo o progresso

Paiva Netto

 

Em meu editorial publicado na BOA VONTADE Mulher, revista especial que a Legião da Boa Vontade (LBV) lançou, nos idiomas português, inglês, francês e espanhol, durante a 61a sessão da Comissão sobre a Situação das Mulheres (CSW, na sigla em inglês), realizada em março deste ano na sede das Nações Unidas, recordei o que escrevi no jornal Folha de S.Paulo de 7 de setembro de 1986, data nacional do Brasil, em meu artigo “Independência”: (...) O ser humano, com seu Espírito Eterno, é o centro da Economia, a geratriz de todo o progresso. Sem ele, não há o trabalho nem o capital. Precisamos finalmente caminhar mais adiante e dizer que o Espírito Eterno, que habita o corpo humano, ele, sim, é a medida de todas as coisas, porquanto é Cidadão Celeste.

A riqueza de um país está no coração do seu povo. No entanto, nações inteiras ainda sofrem miséria. Convém lembrar que barrigas vazias e Espíritos frustrados geralmente não estão dispostos a ouvir.

 

Leis da Economia Divina

Diante dessa compreensão abrangente sobre o ser humano e o seu papel no mundo, defendemos a Economia da Solidariedade Espiritual e Humana, proposta que lancei há décadas. Ela situa-se além da que os homens discutem tanto e a respeito da qual afirmam uma coisa hoje e desdizem-na amanhã, levando gerações ao desespero. Preconizamos que a Solidariedade se expandiu do luminoso campo da Ética e se tornou uma Estratégia de Sobrevivência, acima de leis e de modelos econômicos até agora descobertos e, muitas vezes, empregados de modo pouco apreciável por nós, os seres humanos. Discorremos sobre conceitos que preexistem à criação do mundo, que são os das Leis da Economia Divina, que tratam em igualdade os gêneros, porque se destinam à essência imortal das filhas e dos filhos dos universos.

Livres de quaisquer sectarismos, muito podemos aprender com os inúmeros ensinamentos de Jesus, que comove até hoje os mais pétreos corações com Sua preocupação social em cuidar das necessidades, do corpo e da Alma, dos Seus semelhantes. Vimos isso quando Ele alimentou a multidão que O acompanhava, a partir de apenas cinco pães e dois peixes (Boa Nova, segundo João, 6:5 a 15). E o Cristo Ecumênico, o Excelso Estadista, deixou-nos o segredo dessa postura espiritual e humanitária: “Buscai primeiramente o Reino de Deus e Sua Justiça, e todas as coisas materiais vos serão acrescentadas” (Evangelho, segundo Mateus, 6:33).

Quando nos dispusermos a meditar sobre essa Fórmula Econômica do Cristo, estaremos nos integrando na Competência de Deus, criaturas Dele que somos. Tudo o que se relaciona com produção e distribuição de renda está nessa “Fórmula Urgentíssima”, conforme o saudoso fundador da LBV, Alziro Zarur (1914-1979), denominou o referido versículo bíblico. O resultado da aplicação dessa sabedoria, “do Reino de Deus e Sua Justiça” — isto é, do pleno conhecimento das Leis Espirituais que regem a vida no Cosmos, capaz de tornar a humanidade mais humana e mais espiritualizada —, é justamente abrir a nossa cabeça para que essa Divina Competência se estabeleça em nós. E, assim, não nos aprisionaremos à visão restritiva da escassez de recursos, de bens, de oportunidades de emprego, e o que mais o seja. Entretanto, permitiremos que os ilimitados valores do Espírito, tais como o Amor, a Solidariedade, a Generosidade, o Altruísmo, a Fraternidade, constituam as balizas das soluções de todos os problemas socioeconômicos que afligem os povos, as quais virão por intermédio do esforço conjunto das criaturas esclarecidas por esse Infinito Saber.

Em meu livro Como Vencer o Sofrimento (1990), ponderei: O Amor que se compartilha multiplica-se em quem o divide. Eis a Economia Ecumênica, portanto Solidária e Altruística, fórmula segundo a qual, quanto mais se doa, mais se recebe. Eis o moto-contínuo a impulsionar a vida em comunidade.

 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com 

 

sábado, 15 de agosto de 2020

 

Reforma da convivência planetária

Paiva Netto

 

Dedico ao nobre espírito dr. Bezerra de Menezes (1831-1900) – respeitado homem público brasileiro, que faz jus ao título de o Médico dos Pobres e aniversariava em 29 de agosto – o artigo de hoje.

Amar de Alma pura é uma Lei, e, se soubermos vivê-la dignamente, nos elevaremos, renovando tudo à nossa volta. É semelhante a uma explosão de átomos de concórdia, iluminação que ocorrerá, passo a passo, à medida do nosso amadurecimento. Educar com Espiritualidade Ecumênica é transformar — e que seja naturalmente para melhor. Reformada a criatura, restaurado estará o planeta. Contudo, sabemos muito bem que tamanho sucesso não se dá de uma hora para outra. Alguns milênios são insignificantes em cálculo histórico espiritual. A maturação das mentes requer esforço, paciência... Descressem os que nos antecederam da realidade da vitória à frente do caminho, onde estaríamos? A Esperança não morre nunca! Ela é fundamental. A nossa Esperança é Jesus!

Jesus é o Libertador Divino. Ele afiançou que, se conhecermos a Verdade, claro que a Divina, ela nos tornará livres. Nada em termos tão apenas materiais concederá ao cidadão a sua carta de alforria. Ninguém aprisiona a Alma de um ser humano livre. Gosto de valer-me do exemplo do Gandhi (1869-1948). Muitas cadeias pegou na luta pela independência da Índia. Que realizava então na frieza do cárcere? Escrevia, e suas páginas constituíram-se bandeiras libertárias, não somente para o seu povo, como para outras nações. “Ah! Mas a humanidade não mudou muito!” Está-se modificando, sim. Há muita coisa boa que acontece. Todavia, o costume de a tudo ver sombrio não permite que às vezes o percebamos, porquanto exige de nós atenção constante. Por isso, existe um comando ainda invisível que disciplina os seres terrestres em suas confusões, fazendo com que, ao final, a vida prevaleça. De outro modo, a Terra já teria sido consumida pela insensibilidade de alguns. Basta lembrar a situação climática que mundialmente já nos devasta. Quem é porém mais eficiente, o Supremo Criador ou a cobiça desenfreada? Apesar das aparências, a atuação espiritual é bastante eficaz, pois a vida não se encontra aprisionada ao que consideramos definitivo. No entanto, é preciso que queiramos a reforma da convivência planetária. Se não a buscarmos, se permanecermos distraídos, aí os melhores fatos demorarão, tornando-se mais árdua a existência terrena, pela dificuldade de entendermos o que significa ser realmente Filhos de Deus.

 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

                                                                  paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com 

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

 

Reflexão de Boa Vontade

 

Solução ideal

Paiva Netto

 

O problema do mundo não é primordialmente o pecado, mas a carência de Amor que o gera. “Deus é Amor”, inspirado em Jesus definiu João, Evangelista e Profeta, o Discípulo Amado do Divino Mestre, em sua Primeira Epístola, 4:16: “E nós temos reconhecido o Amor de Deus por nós, e Nele cremos. Deus é Amor: aquele que permanece no Amor permanece em Deus, e Deus, nele”.

No filme Irmão Sol, Irmã Lua (1972), do renomado cineasta italiano Franco Zeffirelli (1923-2019), cena impressionante é projetada: na ocasião em que recebeu a Francisco de Assis (1181-1226), em Roma, o papa Inocêncio III (1160-1216), profundamente comovido pela presença e pelas palavras de Il Poverello, quase que em êxtase, ao beijar-lhe os pés, exclamou: “Erros podem ser perdoados. Nossa obsessão com o pecado original nos faz muitas vezes esquecer nossa inocência original!” (O destaque é meu.)

Jesus trouxe aos povos elevada e abrangente visão a respeito do Pai Celeste: Caridade (isto é, Amor), Fraternidade, Generosidade, Compaixão e também a perfeita Justiça, porque, sem ela, vigora a impunidade, fomentadora da corrupção que estabelece o caos.

No livro Os Mensageiros, do Espírito André Luiz, pela psicografia do Legionário da Boa Vontade no 15.353, Chico Xavier, lemos explicação de Alfredo, administrador de um Posto de Socorro no Mundo Espiritual, que diz: “Enquanto não imperar a lei universal do amor, é indispensável persevere o reinado da justiça”.

É evidente que, quando me refiro à Justiça, não estou tratando de vingança, porquanto esta é a mais completa negação daquela. Nesse sentido, o respeitado escritor e libretista italiano Pietro Metastasio (1698-1782) sentenciou: “Sem piedade, a justiça é crueldade. E é fraqueza a piedade sem justiça”.

De minha parte, tantas vezes tenho ponderado que premiar quem não merece é crime.

A mensagem do Cristo Ecumênico, o Celeste Estadista, é eterna: “Passará o Céu, passará a Terra, mas as minhas palavras não passarão” (Evangelho, segundo Lucas, 21:33), pois Ele divinamente apregoa o Amor do Seu Novo Mandamento como a definitiva solução para os infortúnios que afligem a humanidade: “Amai-vos como Eu vos amei. Somente assim podereis ser reconhecidos como meus discípulos. Não há maior Amor do que doar a própria vida pelos seus amigos” (Evangelho, segundo João, 13:34 e 35; e 15:13).

 

José de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.

paivanetto@lbv.org.br — www.boavontade.com