Mais água, menos
guerra
Paiva Netto
Embora já tenha
trazido, há alguns anos, em meus livros, artigos e palestras, exemplos citados
pela mídia acerca da tragédia da guerra pela água — lutas sangrentas que se
arrastam pelo globo terrestre por séculos —, é válido reproduzir o que disse o
professor de Economia Jeffrey
Sachs ao jornal The Guardian, em 26 de abril de
2009, e que publiquei em minha recente obra, Jesus, a Dor e a origem
de Sua Autoridade (2014).
No texto, intitulado
"Stemming the water wars" (Guerras hídricas), o diretor do Instituto
Terra, da Universidade de Columbia, relata: "Muitos conflitos são
provocados ou inflamados por escassez de água. Conflitos — do Chade a Darfur,
ao Sudão, ao deserto Ogaden, na Etiópia, à Somália e seus piratas, bem como no
Iêmen, Iraque, Paquistão e Afeganistão — acontecem em um grande arco de terras
áridas onde a escassez de água está provocando colapso de colheitas, morte de
rebanhos, extrema pobreza e desespero".
O conselheiro
especial do secretário-geral da ONU para os Objetivos de Desenvolvimento do
Milênio faz grave advertência ao narrar que governos perdem legitimidade
perante as populações ao não serem capazes de atender às necessidades mais
básicas de sua gente. Ele conta que políticos, diplomatas e generais tratam
dessas crises como se fossem problemas comuns no campo administrativo ou
militar. No entanto, as medidas de arregimentação de exércitos, organização de
facções políticas, de combate a líderes guerreiros locais ou enfrentamento a
extremismos religiosos não atingem o resultado de suprir as comunidades com
água, alimento e meios de subsistência — que são demandas urgentes —, pois o
desafio estrutural não é resolvido. O economista norte-americano ainda avisa: "(...)
Os problemas da água não evaporarão por si mesmos. Pelo contrário, se
agravarão, a menos que nós, como comunidade mundial, implementemos uma reação.
Uma série de estudos recentes mostra quão frágil é o equilíbrio hídrico para
muitas regiões pobres e instáveis do mundo".
Eis o sério alerta do
professor Sachs. É mais que inadiável o empenho conjunto em torno da resolução
de problemas como esse, conforme observamos ocorrer no Estado de São Paulo,
Brasil, em 2014. A água é um bem básico, sem o qual não pode existir vida. A
sua justa distribuição precisa estar acima de interesses políticos, religiosos,
econômicos e militares. Só uma mobilização internacional pode pôr fim ao drama
vivido pelos nossos Irmãos em humanidade e, daqui a pouco, por nós próprios, em
grande extensão.
Convém contritamente
pedirmos a intuição de Deus, do Cristo e do Espírito Santo na tomada de
decisões a fim de que, com maior eficácia, encaminhemos providências corretas,
de modo que alcancemos bom desfecho para tão grave problema, que assola
multidões. Com muito acerto, o saudoso fundador da Legião da Boa Vontade, Alziro Zarur (1914-1979),
ensinou que "o segredo do governo dos povos é unir a Humanidade
da Terra à Humanidade do Céu [Espiritual Elevado]". Isto é, precisamos ouvir os
componentes do Mundo (ainda) Invisível, por meio da prece, da invocação direta,
da meditação ou da intuição, para ganharmos força e serenidade.
José
de Paiva Netto ― Jornalista, radialista e escritor.
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